sábado, 22 de dezembro de 2012


          SER OU NÃO SER JORNALISTA

         Escrevo para jornais  desde a década de 70, mais precisamente, desde o mês de agosto de 1972.

         Nessa época, sob a direção da família Grisolia,  o Jornal A Platéia ainda funcionava na Rua Rivadávia Correa, no prédio da Sociedade Italiana.

       Naquele local eu  tinha  livre acesso à sala de redação  para examinar e corrigir as provas dos meus artigos datilografadas em máquinas IBM e  contei com a amizade de jornalistas e  funcionários, entre os quais o chefe de redação Nelson Basile; o fotógrafo João David; o revisor Telmo José Luge Pinto; os jornalistas Luis Vares,  Eury Simões de Mello e  José Geraldo Galvão Marinho.

      Nessa mesma época também passei  a colaborar com o jornal Folha Popular, que funcionava na Rua Vasco Alves,  dirigido pelo   jornalista e historiador Ivo Caggiani.

       Depois o jornal  A Plateia ficou  transitoriamente  sob o comando de Eury Simões de Mello e se mudou para a Rua Uruguai, na esquina da Rua 13 de Maio, assumindo finalmente  a sua  direção  uma equipe de jornalistas vindos de fora chefiados por Elmar Bones.

       Um dia,  quando levava em mãos pela primeira vez ao novo endereço um artigo para ser publicado,  fui informado pelo advogado José Ucha, que estava parado na porta,  de que, por decisão da nova administração,  só jornalistas profissionais podiam  continuar escrevendo para o jornal.

     Surpreendido com aquela  decisão,  pedi para  falar com o diretor e o José me encaminhou  para o Elmar Bones, que me recebeu educadamente.  Então eu lhe  disse  que era colaborador do jornal e que acabava de ser  informado de que agora  somente  jornalistas profissionais podiam escrever.

     “De fato, existe  essa nova orientação, me disse o Elmar;  mas quem já é colaborador pode continuar,  e  a sua colaboração continua bem vinda.”   

    Assim, naquela oportunidade, provavelmente eu  teria deixado de escrever para jornais.   Mas felizmente  tive a sorte de encontrar  pela frente essa figura despretensiosa  que continua sendo o  Elmar Bones da Costa, um dos poucos jornalistas  que, mesmo em prejuízo de sua pessoa,  não tem medo de exercer a sua profissão com justiça e  imparcialidade.

       Outro camarada despretensioso, ousado e corajoso no que escreve, que não deixou o sucesso nem  a vaidade subirem  pra cabeça, e continua sendo sempre  a mesma pessoa, é o Juremir Machado da Silva.

       Bem.  Mas  depois a redação do Jornal A Platéia se mudou para a Rua Silveira Martins e a  Folha Popular para a Rua General Câmara, e ambos os jornais mudaram de dono várias vezes, passando a Folha a ser administrada por Getúlio Pereira, por uma  equipe de funcionários, pelo empresário Elson Macedo e finalmente por Edis Elgarte ;  e a   Platéia, sucessivamente, por   Glênio Lemos, Jorge Escosteguy, Celina Hamilton Albornoz e Elson Macedo, estando hoje sob a direção  e  o  comando administrativo dos amigos  Kamal  e  Antonio Badra.

      Além de a Platéia e da Folha Popular, colaborei com outros jornais locais que já deixaram de existir : O Kosmos, do meu amigo  Silvio Bermann; o Jornal da Semana, do saudoso Jorge Nascimento e do Wolmer Jardim e  A Cidade, do Edis Elgarte.  Também colaborei, sem ser jornalista,  com jornais de outras localidades do interior do estado.

      De modo que, em todos esses anos, nunca tive maiores problemas nem  parei de escrever   pelo fato de não ser jornalista, talvez porque sempre  tive a sorte e a satisfação de encontrar  pessoas educadas,  inteligentes  e  de bom senso, na redação,  na direção e na administração de todos esses  jornais.

    ( Luciano Machado )