quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

AMANTES, LIBERTINOS E SEDUTORES ...

Conta-se que depois do caso de Adão e Eva, um deus pagão dos gregos teria sido um dos primeiros sedutores da história, ao engravidar, metamorfoseado em touro, a rainha Pasifae, gerando o minotauro, metade touro, metade homem, que o rei Minos acreditava ser seu próprio filho. Também o rei Davi foi um sedutor tornando-se célebre o caso em que mandou matar um de seus generais para ficar com a mulher deste. Seu filho, o rei Salomão, entre mulheres e amantes, teve mais de oitocentas.
Depois vieram outros, homens e mulheres, como Cleópatra, Petrônio, Messalina e Agripina durante o império romano; Boccacio, Lucrecia Borgia, Maquiavel, Giordano Bruno, Rochester, Casanova, Don Juan e Rasputin.
Cleópatra, rainha do Egito, teve vários amantes, entre os quais Júlio Cesar e Marco Antonio e após a morte destes se suicidou fazendo-se picar por uma serpente.
Petrônio, grande cortesão do império romano, dividia-se entre as suas lides como conselheiro de Nero, a literatura e a arte de seduzir, de que era professor.
Messalina, sedutora e dissoluta, foi a primeira esposa de Cláudio. Surpreendida por este durante um bacanal em sacrifício a um deus pagão, foi mandada executar junto com seu amante.
Agripina, irmã de Calígula e mãe de Nero, mandou matar seu esposo e tio Cláudio, a quem seduzira após a morte de Messalina; e depois foi assassinada por ordem do próprio filho.
Boccacio, jovem poeta sedutor e escritor, fugindo da peste negra que atingiu a cidade de Florença, convidou um grupo de jovens e donzelas a passar uma temporada no campo, em total contato com o ar puro e o saudável ambiente da natureza, vivenciando, ali, e escrevendo, dez histórias amorosas, que se transformaram no livro Decamerão.
Lucrecia Borgia, filha do papa Alexandre VI, chegou ao ponto de seduzir seu próprio irmão e mandar matar seus amantes após as noites de orgia.
Maquiavel foi outro grande sedutor, entre uma missão e outra, como emissário dos príncipes e banqueiros, cujas mulheres, se fossem jovens e bonitas, dificilmente lhe escapavam.
Giordano Bruno, apesar de ser um frade dominicano, também foi um sedutor e morreu na fogueira como herege, traído e entregue à inquisição por seu senhorio, mas não sem antes ter estado com a mulher deste.
O Conde de Rochester, paralelamente à sua vida dedicada ao estudo, aos negócios e à família, foi protagonista de vários episódios amorosos extraconjugais.
A seguir vem Casanova, aquele que nas cortes se aproximava das mulheres dos príncipes e outros nobres e as encantava com sua cultura e suas anedotas e em cujas alcovas, na ausência dos maridos, penetrava furtivamente durante as madrugadas. Casanova seduziu e transou com mais de trezentas mulheres da alta nobreza européia.
Don Juan foi um dos maiores colecionadores de arte e sedutores da Espanha. Acusado de mandar assassinar uma de suas amantes e também o pai desta, diz a lenda que, reencarnando e disfarçando-se em estátua de pedra, o velho vingou a morte da filha e a sua, matando Don Juan.
Rasputin, conselheiro da corte russa, sábio e ocultista, era outro que não dormia em serviço quando lhe tocava fazer a corte às amigas da imperatriz e muito chifre ajudou a colocar na cabeça da aristocracia masculina daquele tempo. (Luciano Machado)

sábado, 25 de dezembro de 2010

AS PESSOAS E OS PORCOS ...

Eu esses dias li a seguinte manchete do jornal A Platéia: “Mesmo com lixeiras no local, maioria das pessoas joga lixo no chão do Parque Internacional.”
A respeito dessa questão – que é a EDUCAÇÃO DOS INDIVÍDUOS desde a mais tenra idade – eu me lembro dos meus tempos de colégio, no jardim da infância, no pré-escolar ou o seu equivalente, lá pelo ano de 1954. Ali as professoras nos ensinavam a lavar o rosto, incluindo as orelhas; a escovar os dentes ao levantar e após as refeições; como sentar-se à mesa; como segurar corretamente os talheres; não cuspir nem jogar nada no chão; não gritar; como andar no passeio público sem prejudicar as outras pessoas ou o espaço alheio e principalmente uma coisa: não ser porco nem relaxado. Naquele tempo as boas maneiras integravam, nas escolas, o currículo do ensino básico e fundamental.
Portanto, diante daquela manchete de A Platéia, eu imediatamente pensei o seguinte: a pessoa que escreveu esta manchete é muito educada; teve a delicadeza de grafar ‘pessoas’ em lugar de ‘porcos’ ...
Ora, jogar lixo no chão é coisa de porcos e não de pessoas, mas na acepção figurada e pejorativa da palavra ‘porcos’, refere-se a humanos, visto que os animais, entre os quais o porco, são asseados, e se porventura são criados em locais imundos, eles não têm culpa; a culpa é dos relaxados que os criam assim.
Há uns vinte anos ou mais, perto da época de natal, eu e o professor Juca Sampaio fomos, num domingo de tarde, lá no acampamento dos ‘sem terra’, adiante do Tajamar. Chegamos sem nenhum aviso prévio e o pessoal estava sesteando. Batemos palmas o chefe do acampamento levantou-se e veio nos receber. Era um engenheiro agrônomo. Perguntou-nos qual o motivo de nossa visita e lhe dissemos que desejávamos comprar um ou dois cordeiros abatidos para assar.
O cidadão, enquanto nos mostrava uma bela plantação de alfaces sob uma tela que a protegia do sol, respondeu que naquele momento não estavam criando cordeiros para abate nem para vender, pois a inspetoria veterinária estava investigando uma espécie de febre naqueles animais e havia recomendado que não fossem abatidos nem comercializados.
Mas perguntou-nos se não estaríamos interessados em leitões, pois estes sim estavam liberados para a venda e para o abate. E levou-nos até o lugar onde eram criados. Como eu e o Juca estávamos acostumados a ver porcos serem criados no charco e na lama, comendo todo o tipo de sujeira, lavagens e restos de alimento, ficamos impressionados com o asseio e a assepsia do local, todo revestido de azulejos brancos, ao ponto de sentirmos no ar um agradável perfume de lavanda.
-- Qual é o alimento desses leitões? -- perguntamos.
-- Eles se alimentam de farelo de milho e de ração rigorosamente selecionada – nos respondeu o engenheiro e pegou um filhotinho do chão.
Confesso que, diante daquela imagem de inocência e beleza, eu e o Juca ficamos completamente desencorajados da idéia de comer leitão assado.
Mas esta viagem que fizemos ao acampamento dos sem terra, longe de ter sido perdida, nos serviu para conhecer o lado positivo do meio rural, com a criação racional e metódica de animais, com base nos melhores e mais rigorosos preceitos de higiene e segurança. E ficamos convencidos de uma coisa: os porcos não são ‘porcos’. A porcaria, material e mental, provém dos seres humanos que não obtiveram, em suas casas ou na escola, a noção do que é ser uma pessoa civilizada, e uma coisa tão elementar: não aprenderam que não se deve jamais cuspir ou jogar lixo no chão.

(Luciano Machado)

domingo, 19 de dezembro de 2010

NOS CAMPOS E VÁRZEAS DO ARMOUR E SÃO PAULO ...

Lá pelo ano de 1954 ou 1955, quando eu contava seis ou sete anos, acompanhando meu irmão mais velho, o Beline, perambulávamos por entre as plantações de ervilha dos campos e várzeas do Armour, que eram despovoados, e também para os lados da charqueada São Paulo, para caçar e pescar. Meu irmão tinha cinco cachorros, três galgos lebreiros e dois perdigueiros, que também nos acompanhavam nessas ocasiões por entre as colinas, várzeas e açudes onde havia todo o tipo de animais silvestres, desde ratões do banhado, patos, marrecos, garças e outras aves raras que vinham de longe, ali passavam o dia, e no final da tarde levantavam vôo para não sei onde. Mas o que caçávamos eram lebres e perdizes.
Morávamos no bairro Industrial, a meio caminho dos frigoríficos Armour e São Paulo. Depois da carreteira do Armour havia uma cerca, uma floresta de eucaliptos, outra cerca, e depois a estrada das tropas. A ‘estrada das tropas’ era assim chamada pelo fato de as tropas de gado e peru serem conduzidas por aquela estrada de chão, toda acidentada, cheia de altos e baixos, própria unicamente para servir de acesso a tropas de animais para abate no Armour. Depois da estrada das tropas, atravessando outra cerca, estendia-se uma vasta plantação de ervilhas e melancias, de propriedade da Swift-Armour, que abastecia a produção de conservas de ervilha em latas para serem exportadas.
E ali, no início daquela plantação de ervilhas, começava a nossa incursão de caça e de pesca. Mais do meu irmão do que minha. Pois eu apenas o acompanhava como assistente. Às vezes se juntava a nós outro caçador, chamado Juca Tigre, que tinha uma porção de cães malhados e usava uma escopeta. O Juca Tigre costumava caçar também patos e marrecos, com sua arma.
Outro lugar onde costumávamos ir eram as proximidades do Tajamar, depois da Charqueada São Paulo, e para além daquelas paragens, até as imediações dos grandes cerros, como o dos Munhoz (foto) e seus arredores.
Com um assobio o meu irmão chamava seus galgos e perdigueiros, que se vinham como flechas. E aí dava andamento à sua caçada de lebres e perdizes. Ao avistarem estes animais, os galgos saíam atrás como se voassem, e os capturavam vivos. Ao pegar uma lebre ou uma perdiz, seguravam-nas com suas patas dianteiras e não as deixavam fugir até que nos aproximássemos, o meu irmão com duas bolsas de estopa, onde as colocava ainda vivas, para mais tarde serem abatidas e preparadas em casa.
Eu me lembro que certa vez chegamos de manhã no campo das ervilhas e não encontramos nenhuma lebre ou perdiz. E então, pra não perder a viagem, o meu irmão resolveu pescar num dos açudes. Conseguiu apanhar um muçum. Uma espécie de peixe parecido com uma enguia, de mais ou menos 40 centímetros de comprimento.
Naquela manhã, perto do meio-dia, levamos o muçum para casa. Nossos pais e irmãs estavam ausentes. E então meu irmão o preparou, cortando-o em rodelas e colocando numa panela com água. Fiquei olhando para aquelas rodelas de muçum se mexerem na panela como se estivessem vivas. Mas depois de cozidas, com o próprio molho, ficaram, como se fosse um ensopado, muito saborosas.
Mas o bom mesmo eram as lebres e perdizes, preparadas de diversas formas, por minha mãe e minhas irmãs.
Nessas andanças pelos campos, coxilhas, matos, cerros, várzeas e açudes, o meu irmão costumava levar uma carrocinha, atrelada a um cão menor, o guarani, que servia para transportar o produto da caça e da pesca.


(Luciano Machado)

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

O RIO IBIRAPUITÃ

O Rio Ibirapuitã, de que tanto se orgulha e faz alarde o povo alegretense e que tem papel de destaque em seus atrativos e na canção-hino dos irmãos Fagundes (“Tem o Sol como uma brasa que ainda arde / Mergulhado no Rio Ibirapuitã”), é cria destes pagos e nasce de uma pequena vertente d’água aqui no município de Sant’Ana do Livramento, mais precisamente no lugar denominado Coxilha do Aedo. Irmanados, portanto, pelo mesmo chão e pela mesma cultura regionalista, os municípios de Santana do Livramento e Alegrete também são unidos pelo mesmo rio.
A partir daqui, qual um menino esguio, travesso andando de arco, vai correndo e serpenteando por entre os pastos, campos nativos, capões, matos, aramados e propriedades, e abrindo o seu sinuoso canal num solo mais ou menos plano, às vezes rochoso, margeado também às vezes por matas ciliares, terras d’alguém, de todos ou de ninguém, como a chamada “Reserva Ambiental do Ibirapuitã”, com sua flora e fauna silvestres que abrigam desde ratos do banhado, até lontras, avestruzes, cervos, bugios, lobos e mais uma porção de espécies de animais silvestres em extinção, e que vai se alargando até atingir proporções de adolescência e maturidade de um rio que já se preza e onde já é bastante largo e profundo, irrigando por alagamento extensas áreas na estação das chuvas e oferecendo excelentes condições de subsistência às atividades de lavoura, pecuária e agricultura, prestando-se ademais também ao turismo, a acampamentos, lazer, pesca, natação e navegabilidade, caso isto fosse, é claro, em sua área de preservação, permitido pelo órgão fiscalizador. Não se atreva, portanto, quem quer que seja, a caçar, pescar ou capturar animais nativos às margens preservadas do Rio Ibirapuitã.
Com seu curso de águas rasas, estreitas, límpidas e cristalinas no princípio, e até um bom trecho do seu leito pedregoso, que depois vão se encorpando e tornando mais profundas, densas, largas, escuras e até mesmo poluídas por fatores ambientais circunstantes, decorrentes em grande parte da ação ou atividade humana, sem descaracterizar, no entanto, a sua beleza natural, o Rio Ibirapuitã se une, como afluente, com os galhos hidrográficos dos rios Caverá, Santa Maria e Ibicui, que finalmente juntam suas águas às do grande Rio Uruguai.
Certa vez, e isto já faz mais de trinta anos, o nosso amigo Benito Orlando Cademartori, que era um dos procuradores da empresa do seu grupo familiar aqui de Livramento onde eu também trabalhava, sendo piloto do Aero-Clube local, acalentou o propósito de ir sobrevoando e fotografando o Rio Ibirapuitã, desde a sua nascente local, até Alegrete, onde ele atinge largas proporções. Não sei se algum dia o Benito chegou a realizar esse projeto, porque depois foi-se embora para Porto Alegre e deixou de pilotar. Mas seria um importante documentário fotográfico. De qualquer modo, é sempre uma boa idéia fazer este registro alguém que se disponha a isto por conta própria – sobrevoar o rio Ibirapuitã ao longo de seu percurso e fotografá-lo.
Um grande amigo e defensor do Rio Ibirapuitã e de sua reserva biológica (A.P.A) é o ambientalista Ari Quadros, cidadão santanense honorário, natural de Quarai, que foi gerente da agência local do Banco do Estado do Rio Grande do Sul. Ari Quadros, que é meu amigo e também do professor e ambientalista Juca Sampaio, é um conceituado ecologista, defensor de nossa hidrografia, flora e fauna, e autor de vários trabalhos sobre a questão ambiental.

Luciano Machado

domingo, 11 de julho de 2010

UMA VIAGEM ASTRAL


Naquela noite, há uns 30 anos, eu resolvi fazer uma experiência de viagem astral.
Peguei meia folha de papel e nele escrevi o que pretendia: deslocar-me no tempo e no espaço com o objetivo de realizar uma consulta espiritual.
Dobrei e coloquei aquele papel em baixo do travesseiro e depois de uma breve oração, esperei que viesse o sono e um sonho que fosse compatível com o meu desejo.
E de fato isso aconteceu. Em determinado momento, adormecido, senti que o meu corpo se deslocava no espaço numa velocidade vertiginosa. Sentia que o meu corpo estava morno, nem frio nem quente, e a sensação que se produzia durante esse transporte era bastante agradável. Não sei quanto tempo durou esse deslocamento, mas a impressão é que se passaram poucos minutos, durante os quais a paisagem mudava, ou melhor, deslizava por baixo de mim, especialmente o oceano com suas águas ora encrespadas ora turbulentas. Até que ‘aterrissei’ suavemente, numa região desconhecida, no centro de uma espécie de templo semelhante àquele que existe na Grã-Bretanha, cercado de pedras gigantescas. Ali estava um grupo de sacerdotes, com seus paramentos, e com eles mantive uma conversa cujo teor não consegui recordar. Mas o fato é que depois dessa experiência eu passei a me sentir bem melhor, e muitas coisas mudaram em minha vida, em vários aspectos, inclusive no campo profissional.
Nunca mais repeti essa experiência de forma premeditada, embora tenha passado por ela muitas vezes durante o sono.
As viagens astrais são uma realidade. Elas se produzem sempre, naturalmente, durante o sono, e suas evidências são as características especiais do sonho, ou de parte dele, não de forma vaga ou nebulosa, mas pelo realismo e nitidez com que as coisas acontecem, possibilitando-nos uma perfeita lembrança de tudo. Nesses momentos, durante o sonho, é possível questionarmos o que está acontecendo, e várias possibilidades de prova ou constatação material se oferecem através dos cinco sentidos, como esfregar as mãos, os olhos, pegar algum objeto, examiná-lo e cheirar para ver se é verdadeiro, sentir o gosto, etc.
A forma que narrei no início é a mais simples das modalidades induzidas de viagem astral. Existem outras, onde se seguem técnicas e regras especiais, como as que menciono à pagina 103 do meu livro o Elixir dos Magos, quando o personagem Ciro Paganel conduz um grupo de pessoas através do éter, num agradável passeio astral, sobrevoando várias regiões do planeta.

(Luciano Machado)

sábado, 19 de junho de 2010

AGENDA LITERÁRIA CAPOSAN

Depois de publicar sete antologias literárias, este ano a CAPOSAN, Casa do Poeta Santanense, pretende publicar uma agenda literária (PRIMEIRA AGENDA POÉTICA INTERNACIONAL) com pequenos poemas em cada página e, nas páginas iniciais de cada mês, poemas maiores sobre um fundo que represente uma obra de arte, para o que convida poetas, escritores e artistas de Santana do Livramento e Rivera.
Para quem estiver interessado, o custo de cada participante, por poemas curtos (máximo de 5 versos ou 5 linhas) , será de R$ 20,00 (vinte reais) por poema, podendo cada autor participar com tantos poemetos quantos desejar.
Também serão disponibilizados espaços em cores para a divulgação de obras de arte, podendo ser nas capas (R$200,00) ou nas páginas internas, início de cada mês, R$ 100,00 por obra publicada. As despesas de remessa serão por conta do participante.
O lançamento da Agenda (para o ano de 2011) está previsto para o mês de OUTUBRO DE 2010, e a data limite para a entrega dos trabalhos vai até 30 DE JULHO DE 2010.
Os textos poderão ser enviados por E-MAIL ou entregues diretamente, junto com o comprovante de depósito bancário para AMARINA PRADO – Rua Conde de Porto Alegre, 1194 – CEP 97573-580.
A conta para depósito é: CAIXA ECONÕMICA FEDERAL
Agência 0505 013 – CC 00076169-6 – em nome de Conceição Amarina Haigert Prado.
Cada participante receberá 1 agenda por trabalho publicado, sendo que poderão ser encomendadas agendas avulsas ao custo de R$ 20,00 cada.
Os interessados em divulgar seus poemas e obras de arte (capa e página inicial de cada mês) poderão entrar em contato direto com a organização da referida agenda: E-mail c.prado@brturbo.com.br fones (55) 3243 6936 (55) 91167809 e (55) 8441 2815 – c/ Amarina ou (55) 3244 3316 c/ Marili.

(Luciano Machado)

domingo, 13 de junho de 2010

O FUTEBOL COMO FATOR DE MASSIFICAÇÃO E ALIENAÇÃO

Enquanto ouvia o noticiário sobre a Copa na África, me ocorreu escrever sobre um assunto que há muito tempo vinha mentalmente alinhavando.
Não é pelo fato de não me chamar a atenção que digo que o futebol como espetáculo é um dos fatores de massificação e de alienação das pessoas, desviando sua atenção de questões mais sérias, como, por exemplo, estar atento ao que acontece nos bastidores da política de sua cidade ou do seu país.
Embora conheça pessoas que apesar de apreciarem o futebol não dão prioridade a ele e não descuidam de outras questões de importância em sua vida profissional, política, econômica e social, acho que o futebol tem o poder de estragar o dia e influenciar no comportamento dos indivíduos, e aqui me refiro também aos jogadores que diante do prestígio e do poder se deixam afetar em sua personalidade.
Em função do futebol, sérios desentendimentos pessoais, discussões e crimes têm acontecido a partir de simples brincadeiras, como piadas, flautas e ironias. E acredito que muita gente até hoje queira a cabeça do Galvão Bueno pela natureza debochada e deselegante de alguns comentários seus em relação a povos e países.
O futebol traz consigo rancores e vícios, como o alcoolismo, não dos jogadores, mas por parte dos torcedores que adoram comemorar com uma bebedeira as vitórias do seu time. E daí para uma tragédia é um passo. Quantas brigas entre torcidas e invasões de campo têm acontecido com trágicas conseqüências ...
Quando se diz que o esporte é sadio, fala-se na sua prática saudável, seja ele físico ou intelectual, como o próprio futebol, as corridas, o tênis, o xadrez, etc.
O mal não está na prática esportiva do futebol, mas em se deixar fanatizar por ele, a ponto de encher a cara e ficar de mau humor, odiar o Maradona e os argentinos, insultar as outras pessoas, ou até partir para a agressão física ou o homicídio em alguns casos.
Acho saudáveis, por exemplo, as peladas, com ou sem trocadilhos, desde a infância, como era o caso da minha geração, quando jogávamos na areia de pés descalços com bolas de pano, ou mesmo hoje as peladas de fim de semana, como exercício físico, lazer e entretenimento.
Mas deixar-se influenciar a ponto de vir a se interessar pela vida pessoal dos jogadores, saber quanto ganham, ficar aflito ou triste porque soube que um deles teve um problema no joelho ou uma unha encravada, não dormir em função da derrota do seu time, encher a cara, passar o dia de mau humor, adoecer, cometer atos inadmissíveis em sua vida pessoal ou profissional e agredir os outros verbal ou fisicamente, isso já não é apenas fanatismo, é doença psíquica e emocional.
Eu costumo dizer brincando que aquelas pessoas que vivem em função do futebol, que se aglomeram num estádio, na tv ou em torno de um telão para assistir a um jogo sem dar atenção a mais nada, são como bichinhos da luz magnetizados e revoando em torno dela. Mas quando a luz se apaga, todos caem na realidade.
O presidente Muamar El Kadafi, da Líbia, dizia em seu Livro Verde que os espetáculos de massa, entre eles as touradas, o boxe e o futebol, como fatores alienantes, estavam com os seus dias contados no mundo e que a tendência era com o tempo desaparecerem. Concordo plenamente com ele.

(Luciano Machado)
NÃO CHORES POR MIM, ARGENTINA

Nascida numa pequena cidade do interior da Argentina, Eva Duarte era filha bastarda do rico fazendeiro Juan Duarte com uma de suas empregadas. Consta que sua mãe, Juana, foi adquirida pelo fazendeiro em troca de um jumento e uma carroça, e depois abandonada com os filhos ainda pequenos.
O nome de Evita está vinculado a uma série de coincidências ligadas ao nome Juan. Seu pai, sua mãe, seu irmão tinham esse nome.
E essa coincidência se completou ao conhecer o coronel Juan Domingo Perón, vice-presidente, que logo depois seria deposto e preso por seus colegas militares sob a acusação de estar fazendo campanha em favor dos trabalhadores.
Evita então, usando seu prestígio de atriz de rádio, cinema e teatro, levantou o clamor do povo contra a prisão de seu namorado e amante e este, dois dias depois, estava de novo na sacada do palácio acenando para a multidão que o aplaudia.
Durante o mandato de seu marido, Evita conseguiu realizar vários de seus sonhos de menina pobre, como ter prestígio, poder, jóias e roupas caras.
Mas foi uma lutadora pelos direitos dos oprimidos que a chamavam de mãe e brigavam por ela. Evita e Perón fizeram um governo voltado para o lado social e conseguiram se tornar imortais, lembrados, amados e reverenciados pelo povo argentino.
Tanto assim que Perón foi eleito duas vezes, em l946 e 1973, ao voltar de seu exílio.
Mas grande parte da popularidade do governo de Perón se deveu ao trabalho de Evita junto aos pobres e necessitados, que lhes construiu casas e criou leis sociais que os amparassem. Por este motivo muitos acharam que era uma militante de esquerda. Mas, pelo contrário, foi até criticada pela esquerda argentina em muitos aspectos, um deles, por mágoa das mulheres do PC, ao instituir, não sendo do partido, o voto feminino.
Dizem as más línguas que Evita, por outro lado, era implacável com o seus adversários e inimigos políticos e que mandou castrar vários deles, conservando, como testemunhos do seu poder, os testículos deles num recipiente com álcool e à mostra em cima de sua escrivaninha.
Quando Evita morreu, seu corpo foi embalsamado e exposto à visitação pública, depois foi roubado e sepultado na Itália, depois exumado e trazido para a Espanha onde Perón estava exilado, e finalmente, depois de muito tempo, após a morte de Perón, em 1974, mandado trazer para a Argentina por Isabelita, terceira esposa e viúva de Perón, no exercício da presidência.
Os relatos sobre Evita são muito controvertidos. Uns a defendem e endeusam. Outros combatem a sua imagem, como o sociólogo argentino J. J. Sebreli, que desmente, em seu livro “Ensaio contra Mitos”, vários fatos relacionados a ela e a Perón.
De qualquer sorte, Evita foi uma grande mulher, a primeira latino-americana de origem humilde a exercer o poder feminino ao lado de um chefe de estado, capaz de influir em seu governo de um modo muito especial, marcante e extraordinário.
Evita foi imortalizada na peça musical “EVITA’ e na canção “Não Chores por Mim, Argentina”, com música de Andrew Lloyd Webber e texto de Tim Rice, e interpretada por Madona no filme EVITA de Allan Parker.
(Luciano Machado)
SERPENTES HUMANAS


A pior espécie de inimigo é aquela dos que não aparecem como tais, ou que se escondem sob esta ou aquela circunstância ou condição para nos boicotarem ou nos prejudicarem em alguma coisa.
É uma espécie desleal de amigos, ou covarde de inimigos, que alguns chamam de ‘inimigo na trincheira’, porque ocultam o seu mal-entendido, a sua mágoa, o seu rancor, o seu ressentimento, a sua odiosidade, na ação silenciosa das manobras sub-reptícias.
Tais inimigos, homens ou mulheres, também se ocultam por trás da aparência de um amigo, de um confrade, de uma pessoa que sempre nos mostra uma cara simpática ou gentil, ou de alguém que chega até a nos prestar alguns favores ... Mas, cuidado! Por trás de tudo isso pode existir uma serpente venenosa. Atentemos, pois, para o fato de alguém que conhecemos e com quem de alguma forma convivemos que de repente deixa de nos cumprimentar ou finge que não nos vê na rua.
Freud já dizia: “Não desprezeis os pequenos sinais!”. E a psicanálise nos ensina que os sinais exteriores são indícios de uma realidade interior.
Portanto, muito cuidado com as pessoas com quem tratamos ou com as quais de alguma forma temos contato e que de uma hora para outra passam a apresentar um comportamento estranho. Estejamos atentos à linguagem dos sinais.
A Natureza nos diz que a serpente não nos ataca se não pisamos nela. Cuidado, pois, para não pisarmos na susceptibilidade alheia, o que às vezes acontece involuntariamente. As serpentes pisadas nem sempre nos alertam com o seu guizo, pois nem todas têm a educação e a elegância da cascavel, e geralmente respondem com o seu bote traiçoeiro.
Uma das características das serpentes traiçoeiras e venenosas se assemelha àquela das pessoas que nos elogiam pessoalmente e falam mal de nós pelas costas. Estas pessoas certamente não conhecem ou não obedecem àquele conselho do poeta Mário Quintana que diz mais ou menos o seguinte: “Não te abras com teu amigo/ Porque amigos ele tem / E os amigos do teu amigo / Amigos terão também.”
Para não sermos apanhados de surpresa, ou desprevenidos, convém ter muito cuidado com a qualidade das pessoas que conhecemos ou que encontramos nos ambientes ou setores que freqüentamos, no caminho por onde andamos e onde pisamos. Esses ambientes, setores ou caminhos, estão cheios de serpentes venenosas, infiltradas entre as pessoas amigas, leais, corretas e dignas de nossa amizade.

(Luciano Machado
O HOMEM E SUAS FUTURAS REENCARNAÇÕES

A teoria básica do espiritismo é a da reencarnação. Mas não surgiu dele, e sim há mais de dois mil anos, ao tempo dos filósofos gregos, primeiro defendida pelo célebre matemático Pitágoras e depois, com o nome de ‘a teoria da reminiscência’, que nos fala do escravo analfabeto que interrogado por Sócrates “recordava” conhecimentos de Matemática nos ‘diálogos de Platão’, lá pelo terceiro século antes de Cristo.
Mais tarde, uns quinhentos anos depois, como a teoria da preexistência, foi defendida por Orígenes (185-254 d.C.), sábio e teólogo cristão, considerado um dos doutores da igreja.
De modo que a antiga igreja cristã aceitava tranquilamente, sem discutir, a teoria da reencarnação.
Porém, lá pelo ano de 527 d.C., aconteceu o seguinte:
O imperador Justiniano casou-se com Teodora, uma cortesã e ex-prostituta. E como Teodora, depois de ter sido uma prostituta, chegou a esposa do Imperador, isto passou a ser motivo de orgulho para suas ex-colegas que ainda continuavam na vida de meretrício.
Mas para Teodora, como Imperatriz, e para seu marido Imperador, esta triste e escandalosa lembrança, ainda que verdadeira, constituía um incômodo, uma afronta e uma vergonha.
Em decorrência disso, e como Teodora tinha uma influência muito grande sobre o marido, chegou a pedir a ele que determinasse que todas as prostitutas da cidade de Bizâncio, cerca de 500, fossem eliminadas, para que não restasse nenhuma que pudesse testemunhar a sua condenável vida pregressa, extermínio este que não está evidenciado se realmente aconteceu, mas se presume que nas 35.000 mortes ordenadas por Justiniano estejam incluídas as prostitutas.
Esta atitude de Teodora, ao ser descoberta, foi repudiada pelos cristãos reencarnacionistas da época que a chamaram de assassina, e lhe disseram que em suas futuras reencarnações ela haveria de pagar muito caro por esta indução ao massacre, e que morreria assassinada tantas vezes quantas eram as vidas que sugerira ao marido mandar eliminar.
Essa ‘profecia popular’ desgostou ao imperador e a sua esposa. E assim foi convocando um novo concílio de Constantinopla, em 553, que, entre outras providências, mandava retirar da Bíblia referências explícitas sobre a reencarnação, e também dos cânones da igreja, negando para sempre a teoria defendida por Orígenes, decisão esta que foi plenamente aceita pelos bispos e aprovada pelo papa da época.
A partir daí, a igreja cristã passou a negar a teoria da reencarnação e o mesmo também fizeram as diversas denominações religiosas que, derivadas da reforma, surgiram depois.
Feita esta explanação, estamos em condições de dizer por que o homem é o seu próprio assassino, quando ataca a natureza e promove o envenenamento e a devastação, no planeta, de todas as formas de vida, agredindo sem cessar o meio ambiente e a atmosfera. Não sabe ele que está preparando o seu próprio flagelo ao tornar insuportável a vida de seus descendentes, visto que ele SE REPETIRÁ em seus próprios trinetos ou tataranetos, os quais, conseqüentemente, serão as ‘reencarnações futuras’ de seus trisavós ou tataravós.

(Luciano Machado)

domingo, 24 de janeiro de 2010

O RETORNO DOS MESTRES …

Desde a mais remota antigüidade grandes mestres têm encarnado ou reencarnado em nosso planeta, desde os filósofos platônicos e os patriarcas hebreus até nossos dias. E todos eles tiveram uma doutrina a nos transmitir.
Sócrates e Platão, por exemplo, nos legaram os seus ensinamentos filosóficos e trataram de diversas questões, inclusive o controvertido tema da reencarnação, que até certa época foi aceita pela própria Igreja, e que a partir de um determinado momento histórico, foi abolida como realidade ou crença entre os católicos.
Dentre esses mestres, tivemos Zarathustra ou Zoroastro, que abdicando da catequese pelo amor, resolveu pregar o medo e inventou a figura do demônio.
E assim, cada escola ou religião na terra tem o seu mestre ou avatar, como Buda, Krishna, Brahma, Lao Tse, Confúcio, Maomé, Saint Germain, Mahatma Ghandi ... Até o maior de todos eles que foi Jesus Cristo.
Existe um hino religioso muito usado pelas igrejas evangélicas que eu conheço desde que freqüentava a Igreja dos Mórmons, na década de 60, e cuja melodia foi adotada também pela Cavalaria norte-americana, que diz o seguinte: “Já refulge a glória eterna de Jesus o Rei dos Reis / Breve povos deste mundo ouvirão as suas leis / Os sinais de sua vinda mais se mostram cada vez ...”
Pois bem. Segundo o escritor, médium e conferencista Rogério de Almeida Freitas, que usa o pseudônimo de Jan Val Ellam, aproxima-se o tempo em que todos os mestres, liderados por Jesus, retornarão a Terra para um reencontro com os seus discípulos ou seguidores de suas respectivas doutrinas. Eles virão, segundo Ellam, numa grande nave-mãe, de milhares de quilômetros de diâmetro, que ficará estacionada ou orbitada a uns 400 mil quilômetros de distância e de lá farão contatos, em naves menores, com o nosso planeta. Para a cobertura desse grande evento, segundo Ellam, estão já ‘acampados’, nas proximidades da Terra, há vários anos, equipes de “jornalistas” extra-terrestres, oriundos das mais diversas galáxias ou origens planetárias.
Essa grande nave-mãe ou base espacial será avistada da terra como se fosse um planeta ou cidade artificial, e já foi inclusive mencionada na Bíblia pelos profetas com o nome de “Jerusalém Celeste”, embora nada tenha a ver com a cidade terrestre de Jerusalém.
Jan Val Ellam nos explica, numa de suas palestras no programa Projeto Orbum, de Carlos Cruz, na Rede Boa Nova de Rádio, de Guarulhos(SP), que essa nave é necessária como veículo para os mestres, porque nem todos eles possuem, em seus diversos estágios de aperfeiçoamento, o poder e a capacidade de Jesus, de dispensar um meio material de transporte para se deslocarem no espaço.
Esse retorno dos mestres, sob o comando de Jesus, está sendo anunciado e previsto para breve.

(Luciano Machado)

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

A ABÓBORA E A JABUTICABA

Era uma vez, num sítio em que abundavam diversas plantas e árvores frutíferas, uma silenciosa abóbora que dormitava em seu canteiro ... e lá no alto, uma radiante jabuticaba, presa a um galho de sua jabuticabeira.
Diante do silêncio da abóbora meio oculta entre suas folhagens, a jubuticaba resolveu puxar conversa e falou:
-- Ó minha gorda e pesadona abóbora, por que vives a dormitar sempre no mesmo lugar, escondida entre tuas folhagens? Por que não te exibes alegremente como eu, ao sabor da brisa cá nas alturas, de onde posso avistar todo este quintal e mais além?
E a abóbora respondeu:
-- É que a natureza nos fez diferentes ... eu, uma humilde abóbora que cresce e amadurece cá na terra entre as folhagens deste canteiro; e tu, jabuticaba, essa linda fruta que habita as alturas com suas irmãs, cada qual mais bonita, com sua pele viçosa e colorida. Eu, sem invejar-te, me resigno a esta condição de simples abóbora, à espera de ser colhida e servir de nutritivo alimento à mesa de meus donos ...
-- Ah, mas não sabes o que estás perdendo, minha lamentável abóbora! Eu aqui estou a salvo de ser pisoteada ou de ser transformada em máscara ridícula, oca e recortada com olhos, nariz e boca, e com uma vela acesa dentro, no dia das bruxas ...
-- É verdade ... Mas o que vou fazer?
-- É, não podes fazer nada. Nem mover-te em tua inferioridade ... Mas eu, que vivo nas alturas, posso dizer o quanto estás perdendo. Eu olho de cima para baixo, sobranceira, contemplo a aurora e o crepúsculo; banho-me com os raios prateados da lua cheia e com os raios dourados do sol, que realçam a minha beleza, e as brisas matinal e noturna mantêm o frescor da minha pele ...
-- E contudo, minha querida jabuticaba, o teu destino é pior do que o meu ... – disse a abóbora.
-- Como podes afirmar isso?
-- Apenas pelo fato de eu viver na terra e tu nas alturas ...
-- Explica-te!
-- Sim, jabuticaba ... Já ouviste dizer que “quanto mais alto é o pedestal, maior o tombo?”
-- E o que tem isso a ver comigo?!
-- Similarmente corres o risco de amadurecer e apodrecer aí em cima ... Se engordares muito e ficares pesadona, cairás e te espatifarás aqui em baixo e servirás de alimento às formigas; se ficares muito vistosa e presa ao caule, os pássaros te bicarão e abrirão buracos em tua delicada pele, e nela se introduzirão os vermes que te devorarão por dentro ... E se nada disso acontecer, e ainda ficares aí, de menina que foste, e de bela rapariga que és, envelhecerás, apodrecerás e murcharás, e te transformarás num fruto seco e horroroso, morto e insepulto, esquecido no pé, cuja feiúra será realçada ao sol e ao luar, e tuas sementes não gerarão novas árvores ...
-- Oh, como és impiedosa em tuas palavras!
-- Eu lamento, minha irmã Jabuticaba. Eu estava quieta e tu me fizeste falar ... Enquanto a mim, simples abóbora, não tenho receio de cair das alturas, nem de apodrecer em vida. Serei colhida, servirei de alimento sadio e minhas sementes garantirão a minha descendência ... E, sabendo-me assim, a nada mais aspiro do que continuar sendo uma abóbora.
A partir de então, a abóbora e a jabuticaba nunca mais se falaram ...

Luciano Machado

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

ROCHESTER

Aqueles que se dizem aristocratas e que perseguem ou falam mal das classes menos favorecidas, numa sociedade mais sábia, justa e esclarecida, como a da Grécia antiga, correriam o risco de serem repudiados e expurgados do seio da verdadeira aristocracia. Segundo Aristóteles, na acepção política da palavra, ‘a aristocracia é o governo dos melhores, sem distinção de riqueza ou nascimento’. As figuras exponenciais de Ben Hur, Hipácia, El Cid Campeador, Francisco de Assis, Mahatma Ghandi, Madre Teresa de Calcutá e Nelson Mandela são exemplos do que é reunir em si as qualidades de um verdadeiro aristocrata.
Um legítimo aristocrata é, por exemplo, na atualidade, o príncipe Charles, herdeiro do trono da Inglaterra que, embora possa ter os seus defeitos, considera os pobres e desvalidos seus irmãos, pois ele sabe que a maior fortuna de alguém não é unicamente ter dinheiro, viajar e gozar os bons momentos e prazeres da vida, mas é também estar em paz e harmonia com Deus, com a sua consciência e contribuir da melhor maneira para o bem estar da humanidade, uma vez que está inserido no mesmo contexto e sujeito às mesmas leis, civis e naturais, como ser humano, ‘homo sapiens’ e cidadão planetário.
Um dos grandes e mais controvertidos aristocratas da história, John Wilmot, o segundo Conde de Rochester, cujo título de nobreza provinha de uma tradição familiar consolidada por serviços militares prestados por seu pai à monarquia inglesa, viveu uma de suas mais breves e tumultuadas reencarnações no século dezessete. Amigo pessoal do rei Carlos II e profundo conhecedor de latim, grego, francês e italiano, foi um poeta satírico e boêmio, um tanto libertino e sedutor, que além de sua mulher legítima possuía várias amantes e morreu prematuramente aos 33 anos de idade. O dramaturgo inglês Stephen Jeffreys escreveu sobre ele uma obra que se transformaria em grande sucesso de bilheteria sob o título de “O Libertino”. Mas o fato é que Rochester é hoje considerado, trezentos anos depois do registro de sua última passagem física, através do precioso conteúdo de seus livros, um dos grandes benfeitores espirituais da humanidade. Autor de mais de cinqüenta romances mediúnicos através da russa Wera Krijanowski, entre os quais o Chanceler de Ferro (onde narra a história de José no Egito), ele aborda praticamente todos os temas relacionados à vida moral, científica e espiritual da humanidade, desde a antiga Assíria, Grécia, Roma e Egito, passando pela Idade Média e Renascença, até nossos dias.
Portanto, a esses que atualmente se dizem aristocratas e que ignoram o que seja a verdadeira essência da aristocracia, recomendo a leitura dos livros de um eterno e legítimo aristocrata, Rochester, onde receberão lições de bom senso, etiqueta, humildade e convívio respeitoso com todas as categorias sociais, econômicas e comportamentais de indivíduos, em seus respectivos habitats e planos existenciais, nesta vida, em outras, em nosso Planeta ou fora dele.

(Luciano Machado)
ACADEMIA SANTANENSE DE LETRAS

Aproximai-vos e sede bem-vindos à leitura
Com que vos brindo agora:
As Artes, as Letras, a Cultura
Dão-se as mãos de novo, como outrora,
Em Sant`Ana do Livramento,
Memorizando Vidas e Obras do Passado,
Imortalizadas num depoimento
A cada uma das Cadeiras vinculado.

Satisfazei vossa curiosidade
Através das biografias desses Vultos,
Na prosa literária, na poesia,
Trazidos à contemporaneidade.
A cada uma dessas Mulheres e Homens Cultos,
Notáveis Patronos da Academia,
Está assegurado o direito da homenagem
No respectivo Elogio representado,
Salientando a Figura Humana e a Mensagem
Em seu perene e legítimo Legado.

Deixai agora que vos diga, finalmente,
Em que consistem as Letras propriamente:

Libertar das amarras o talento, a magia
E a expressão literária do que é belo,
Transmitindo o pensamento, e as idéias em geral,
Resgatáveis na prosa e na poesia,
Através da literatura como arte universal
Sem fronteiras e sem nenhum constrangimento.

Luciano Machado