quinta-feira, 4 de agosto de 2011

A VISITA DE JORGE LUIS BORGES À FRONTEIRA

Desde há muito se fala, com alguma controvérsia, de que o escritor argentino Jorge Luis Borges teria estado em nossa fronteira na década de 30; o que seria um fato comum e corriqueiro, tendo em vista que, naqueles tempos (apesar de ser esta uma região agreste, de difícil acesso, com empoeirados caminhos de chão e ainda com o serviço de transporte realizado por diligências, que exportava produtos de origem animal e matérias primas e importava a moda e os costumes europeus), a fronteira de Santana do Livramento (Brasil) e Rivera (Uruguai) constituía um importante centro de vida boêmia e atrações noturnas por onde transitavam grandes celebridades da música, das artes, do cinema, do teatro e da literatura.

Mas a passagem de Borges por aqui, na década de 30, está particularmente assinalada por um fato marcante, mencionado por ele, quando presenciou o assassinato de um homem com tiros de revólver a queima roupa num dos cafés de Santana do Livramento, fato este que muito o impressionou e que gerou um de seus contos, intitulado El Muerto, onde nos conta a história de um contrabandista.

Com base nesse distante episódio do passado, presenciado por Borges e por outro escritor seu amigo uruguaio, de nome Amorim, é que nossa ilustre conterrânea, professora, tradutora, escritora de talento, Sra. Carmen Maria Albornoz Serralta Hurtado, escreveu este livro "A FRONTEIRA ONDE BORGES ENCONTRA O BRASIL" sobre os vínculos de amizade do escritor argentino e a sua passagem por esta fronteira. E, diga-se a bem da verdade, um dos livros mais importantes até hoje escritos sobre este assunto, porque reúne depoimentos de várias fontes que falam da presença de Borges por estas paragens quando éramos, realmente, uma espécie de fronteira sem lei, porém uma das tantas ‘capitais do mundo’, uma Casablanca, Monte Carlo ou Las Vegas do passado, que além do jogo, possuía uma grande variedade de atrativos, para onde convergiam ávidos turistas, de todas as classes e origens, em busca, repito, dos prazeres da vida noturna, gastronômica, artística e boêmia.

Sempre que me deparo com relatos da passagem por aqui de grandes celebridades do passado, eu me lembro de um filme que vi há muito tempo, em que, numa grande rocha, na localidade de El Paso, na fronteira mexicana com os Estados Unidos, estava escrito: “PASÓ POR AQUI” ... e a seguir uma relação dos nomes mais famosos da história do velho oeste americano.

Diante deste nosso particular e exuberante passado histórico, Dona Carmen Maria Albornoz Serralta Hurtado, representante de tradicionais famílias, e integrante da Academia Santanense de Letras, que muito nos orgulha por seu desempenho como tradutora para o idioma português de importantes obras da literatura universal e por suas contribuições à arte e à cultura, conseguiu agora resgatar, como exímia pesquisadora e profunda conhecedora da obra e da biografia de grandes escritores, a passagem por aqui desse extraordinário escritor argentino que foi, que é, e continuará sendo, para a posteridade, um cidadão do mundo, Jorge Luis Borges.

Portanto, à dona Carmen, nossos parabéns, e nosso agradecimento, por mais esse excelente livro de sua autoria, que passa a integrar o acervo de importantes obras literárias de nossa comunidade.
Luciano Machado
RECORRENDO LIGUAGENS V

Cada vez eu fico mais impressionado com o talento destas senhoras que nos convidam para suas exposições de arte em pintura.

Agora, no dia 28 de julho de 2011, sob os auspícios da Prefeitura Municipal de Santana do Livramento, Secretaria de Cultura Esporte e Lazer e da Associação Cultural “Tribo da Arte”, mais uma vez fomos convidados pela Sra. Dorila Silva de Castro, da qual já adquirimos um bonito quadro, para uma amostra, na Casa de Cultura Ivo Caggiani, de seus novos trabalhos, e de suas colegas, Chiara Stella Mandarino Gallo, Teresa Segarra Costaguta e Vilma Teixeira Veloso.

Começando pela Sra. Dorila de Castro, tivemos o prazer de apreciar uma nova série de paisagens de sua autoria em que nos apresenta sítios rurais e silvestres, várias telas com cabanas e lagos maravilhosos, um casarão antigo com sua capela em estilo toscano e algumas belas residências locais, com seus jardins, por ela magistralmente retratadas em óleo sobre tela. Todos eles, trabalhos belíssimos, como só o seu talento e sensibilidade conseguem realizar.

Depois nos deparamos com os quadros abstratos de Chiara Stella Mandarino Gallo, outra grande artista santanense, que se destaca neste tipo de arte em cores vivas, pintando figuras geométricas, balões e flores, com cores e tonalidades em técnica mista, utilizando inclusive o acrílico, com belos efeitos visuais.

A seguir passamos a admirar a arte de dona Teresa Segarra Costaguta, iniciando com uma paisagem sertaneja de um expressionismo bucólico que lembra por vezes um Gauguin ou o seu colega Van Gogh, um quadro retratando os Alpes e outro representando o abrasivo calor brasileiro, um vitral com toldo, um retrato feminino (Mulher dos Anos 30) e outros quadros em óleo sobre tela de grande beleza e expressividade.

E finalmente os quadros de dona Vilma Teixeira Veloso, cujos trabalhos em óleo sobre tela ainda não conhecíamos e que muito nos encantaram por sua beleza, como suas paisagens rurais, sua carreta puxada a bois sobre fundo paisagístico, suas belas flores, átrios residenciais, sítios e magníficos jardins.

A estas senhoras, artistas maravilhosas de nossa comunidade, que muito nos orgulham e encantam com seu imenso talento, sensibilidade e criatividade, e aos promotores da quinta edição deste evento, que sempre conta com a participação de grande público, nossos sinceros parabéns, meus e da poetisa Enar de Souza, que me acompanhou a esta exposição de quadros que continuará aberta à visitação pública até o dia 06 de agosto de 2011 (sábado) e que recomendamos aos apreciadores de arte de nossa fronteira e também àquelas pessoas que nos visitam.

Luciano Machado