terça-feira, 30 de abril de 2013


Mudam os tempos e as  Instituições ...
Em meu tempo de colégio primário as crianças eram ensinadas em casa e também nas escolas.  Desde o modo de lavar  o rosto, escovar os dentes, segurar os talheres ...  até outras  formas  de educação  e  comportamento  em  sociedade.
Na igreja , na escola dominical  ou mesmo durante as missas, era ensinado às crianças e até a alguns adultos,  o modo correto  de proceder ao entrar num templo e de  como se  comportar lá dentro.
Partia-se do princípio de que ninguém nasce sabendo.
Hoje as coisas acontecem a lo bandido.  Cada um aprende como pode.  Não tem ninguém, nem pai, nem mãe, nem professor, nem padre,  nem um  funcionário encarregado que lhe oriente  ou ensine  coisa nenhuma, o que constrange as pessoas diante daquilo que desconhecem  e acabam deixando de fazer alguma coisa  porque não sabem.
Vamos aos Bancos.  Um dia destes um idoso quase atropelou uma porta giratória porque não sabia  por onde  entrar , e algumas  pessoas ainda ficaram dando risada.  Outro dia  um senhor humildemente vestido   aguardava   segurando um pacote de dinheiro para  abrir uma conta  e  fazer um depósito e não sabia, ninguém lhe orientou,  que tinha de tirar uma senha e passar primeiro  no atendimento.   Em outra oportunidade,  durante  o  serão  de  espera  de atendimento nos guichês de um determinado banco, enquanto as pessoas aguardavam pacientemente com seus números de senha, dois únicos caixas naquele horário  conversavam descontraidamente sobre futebol   entre si e com os clientes que estavam atendendo.    Mas os funcionários  não têm culpa.  A culpa é dos novos tempos e  das próprias instituições  que lhes dão esse tipo de liberdade.  Em minha época  de bancário  os supervisores e o  gerente ficavam  vigiando e controlando no relógio  o tempo de atendimento.  Se  esse  tempo   ultrapassasse determinado limite, de acordo com o horário, o número de caixas  e quantidade de clientes, eles vinham  saber o que estava acontecendo.  Quer dizer, havia um rigoroso controle e  fiscalização internos,  e uma constante  preocupação com o bom atendimento e respeito ao cliente,  por parte dos antigos administradores.
Em meu tempo de quartel,  a ordem, o respeito  e a disciplina eram rigorosamente observados.  Um uniforme sujo, mal passado  ou  mal abotoado.  Uma fivela de cinto sem brilho.  Um coturno sem lustrar.  Uma barba por fazer.  Um modo inconveniente de proceder.   Nada disso era  tolerado.     Hoje vemos  soldados com cabelo crescido.  Barba por fazer.   Fumando diante do seu superior.   Cuspindo no chão.   Escutando rádio em horário de serviço e tendo   várias outras condutas inapropriadas  que em meu tempo eram consideradas transgressões disciplinares. 
Um dia fui visitar um doente que estava internado na UTI de um hospital em reforma e fiquei apavorado com o barulho das máquinas furando as paredes.  Em outros tempos  o silêncio no interior dos hospitais era obrigatório e havia, além de avisos de “SILÊNCIO!” espalhados pelo recinto,  vários  cartazes  com a foto de uma enfermeira pedindo silêncio a  quem não soubesse ler.
Mas como eu dizia, a culpa não é das pessoas e sim  das  instituições.     (Luciano Machado)

segunda-feira, 29 de abril de 2013


A INVEJA E A RODA DA FORTUNA
Um dos sentimentos mais  lamentáveis  é o da inveja.  Além de ser de vários modos prejudicial a quem o alimenta,  também é desfavorável para alcançar qualquer objetivo na vida, pois a inveja, ou o desejo de ser outra pessoa ou de possuir o que não é seu, afugenta a dignidade, a sorte e a possibilidade de alguém ser ele mesmo durante a maior parte do tempo e obter alguma coisa por seus próprios meios ou merecimentos.  E a coisa mais extraordinária e maravilhosa que existe no mundo é o fato de sermos, como indivíduos, únicos e diferentes de todos os demais.
Cada um  é, dentro de suas possibilidades físicas, morais e intelectuais,   responsável pelo que é, tem, pensa, diz ou faz, e algum dia, aqui ou em outro lugar, responderá por isso e receberá  a sua  recompensa.
Já foi dito que a  quem muito é dado, muito será   exigido.   E as pessoas deviam  se sentir  felizes e  satisfeitas com o pouco  que têm, lembrando que  quanto mais alto é o vôo, maior é o tombo, e a queda  poderá ser fatal. 
Vejam o exemplo de humildade, bom senso  e austeridade desse velho guerreiro que é  José Mujica, presidente do Uruguai.  Segundo consta, ele tem de si apenas a  sua chácara, a sua casa, um fusca e uma lambreta, o seu salário de aposentado e o de sua mulher.  Ele optou por não ter filhos para não serem perseguidos por sua causa.  E a não ser a preocupação  com o governo do país que ele administra, o que não é pouco,  vive feliz da vida.
Assim como a inveja, temos que combater em nós mesmos outros sentimentos, como a vaidade, o exibicionismo e a arrogância.  Ninguém se jacte ou se burle dos outros por estar numa situação privilegiada;  as circunstâncias mudam e  aqueles que estão em cima serão  rebaixados e os que estão em baixo serão  erguidos ou  enaltecidos.
Ninguém é dono absoluto de nada neste mundo, nem do seu próprio corpo, que lhe é cedido por empréstimo.  O patrimônio ou a fortuna são bens temporários, perecíveis,  confiados a  alguém para  serem administrados.
Se estes bens forem bem administrados, serão multiplicados.  Se forem mal administrados, serão retirados.
O que chamamos de ‘sorte’ ou ‘azar’  tem um significado relativo,  e só vamos saber se alguma coisa  foi realmente uma sorte ou azar no  fim das contas.   
Muitas   vezes o fato de estar  sem dinheiro nos salva de situações desagradáveis, nos livra de aborrecimentos, nos impede de fazer um mau negócio ou de comprar e consumir coisas  que nos fazem mal  à  saúde.    Isso já aconteceu com muita gente, inclusive comigo e com você.
De modo que não devemos julgar os fatos ou acontecimentos como bons ou maus, mas apenas aceitar e  agradecer, pois tudo na vida  tem suas compensações e,  mesmo se nada for feito, tende a reencontrar o seu ponto de equilíbrio.  Por isso é que se diz que ‘com o andar da carroça as melancias se acomodam’.
Há cinqüenta anos ou mais, aconteceu  uma grande enchente  numa determinada região do nosso país, e as vítimas, que haviam perdido suas casas e seus bens,   se espalharam com suas mochilas por vários estados e  municípios.  Algumas dessas   famílias  vieram parar em  nossa  fronteira  e aqui ficaram  por um longo tempo acantonadas  como moradores de rua, até que o governo da época, creio que foi  o presidente Juscelino,  lhes deu  alojamento provisório em barracas, nos estádios ou quartéis, e em seguida  mandou construir casas de alvenaria padronizadas com todo o saneamento e  a infra-estrutura. 
Um dia, lá pela década de 80,   conheci  um cidadão que viajava de Porto Alegre  para Livramento no mesmo ônibus da Ouro e Prata  e durante a viagem  me contou a sua história.  Ele era  membro de uma  daquelas famílias  que tinham  perdido tudo e  recebido uma casa do governo.  Esse cidadão, agora com cinqüenta e poucos anos, era  um próspero  fazendeiro no Paraná  e vinha visitar seus familiares  que ainda residiam  por aqui.  Seu pai, com mais de oitenta anos, estava com saúde,  aposentado do serviço público, e toda a sua família desfrutava agora  de uma situação econômica privilegiada e  bastante confortável.
Muitas vítimas ou remanescentes de guerras, massacres, catástrofes e calamidades, em várias épocas e regiões do planeta,  da mesma forma,  recomeçaram  suas vidas e readquiriram  a alegria  e a  felicidade de viver.
Por outro lado, famílias inteiras, em questão de minutos, têm perdido  suas vidas em acidentes terrestres, aéreos , naufrágios ou maremotos.
A  imensa e invisível  roda da fortuna está sempre girando.  E todos nos situamos em algum ponto de sua circunferência.  Portanto  não devemos  alimentar sentimentos indignos ou adversos, como  de derrota,  desespero, frustração,  vaidade, arrogância, superioridade, inferioridade,   competitividade,  usurpação, odiosidade, rancor,  orgulho, inveja  e cobiça.  Cada um faça  a sua parte, do modo mais correto  e  honestamente possível, e o que lhe  está reservado  virá a seu tempo.
Luciano Machado

quinta-feira, 4 de abril de 2013


MINHAS SETE MARAVILHAS DO MUNDO

Depois das sete maravilhas do mundo antigo
Dizem que o mundo ainda tem coisas muito lindas
Para se conhecer, contemplar, curtir e admirar.
Mas, a mim,  apenas  estas  coisas me fascinam:
A música
A  leitura
A beleza da mulher
O  amanhecer
O Mar
Uma praia deserta
A  imensidão do céu noturno.

Luciano Machado