domingo, 31 de março de 2013


DOMINGO DE PÁSCOA

A páscoa é  comemorada  por judeus, cristãos, religiosos e pagãos. Do ponto de vista judeu é a passagem do estado de escravidão para o de liberdade.   Do ponto de vista cristão  é o dia em que se comemora a ressurreição de Jesus.   Do ponto de vista pagão:  a festa da passagem do Inverno para a Primavera.  E assim por diante.  Para os muçulmanos  a Páscoa não existe, pois entendem que Jesus foi salvo por Deus e  não morreu ao ser crucificado,  e portanto  não tem sentido comemorar a sua ressurreição.
Apesar da divergência  de significados e opiniões, o espírito do bem parece  reinar durante a páscoa, dando-nos uma sensação de renascimento e nos transmitindo um sentimento  de paz e   harmonia, como se as pessoas  tivessem realmente  atravessado, com Cristo,  uma ponte,  de sexta feira para domingo.
Entretanto, por outro lado,  parece que  todos  os inimigos da religiosidade, principalmente  aqueles que têm gênio violento,  aproveitam o dia da páscoa para discutir, tumultuar, insultar  e agredir.
E o lamentável é que esse espírito  muitas vezes encarna  justamente naqueles  que têm a   missão sacramental  ou a incumbência  sacerdotal   de  bendizer,  esclarecer ou  transmitir a  mensagem pascal, fazendo parecer que está lidando com um bando de pecadores remissos, criminosos  ou   malfeitores.
Quando eu freqüentava as missas de domingo na Igreja Matriz,  lembro que os sermões  mais violentos e irascíveis  eram feitos justamente no domingo de páscoa, como se os oradores escolhessem este dia especialmente  para atacar a consciência daqueles, fiéis ou não,  que considerassem estar pecando ou agindo em desacordo  com a idéia da ressurreição.
Parecia que o sacerdote escolhia justamente o dia   da festa da ressurreição  para chicotear a consciência de seus paroquianos, justificando,  talvez, a sua atitude,  com o fato de  Jesus, durante a comemoração da páscoa judaica,  haver chicoteado  os mercadores do templo. 
Dizia o sacerdote que haviam transformado a festa de páscoa num dia comercial, obrigando as pessoas a se presentearem,  como se com isto se redimissem dos seus pecados  ou pensassem estar  quitando suas  dívidas e  obrigações.
Então muitas pessoas saíam com a consciência pesada, almoçavam mal,  e passavam o resto do dia pensando  nas palavras e na  figura irada do sacerdote que provavelmente em seguida esquecia o que tinha dito,  ia  almoçar e tomar o seu vinho tranqüilo.
Alguns párocos ou pastores  ainda hoje  costumam manifestar,  no dia da Páscoa,   uma espécie de ressurreição  das  mesmas  atitudes   daquele   homem de Deus,  diante do seu rebanho.
 Feliz Páscoa!
Luciano Machado



segunda-feira, 25 de março de 2013


A DROGA VENENOSA E RADIOATIVA

Tudo começou  no século dezesseis, quando Jean Nicot, um diplomata europeu,  presenteou a rainha Catarina de Médici , que sofria de dores de cabeça, com algumas sementes de uma planta americana, dizendo que a aspiração da essência da  referida  planta iria  curar a sua enxaqueca.
A rainha nunca se curou.  Mas  ficou viciada em aspirar a essência  daquela planta, originária da América,   mais tarde batizada  por um botânico francês  com o nome de  Nicotiana, de onde provém, entre outros alcalóides,  a  NICOTINA, uma das substâncias mais nocivas que existe, não apenas pelos danos que causa ao organismo carregada através da corrente sanguínea às células e aos órgãos e pelas  vias respiratórias  ao pulmão, como também pelo cheiro insuportável de nicotina e alcatrão  que exalam os fumantes pela boca, pelo nariz, pelo suor, e que também lhes fica impregnado na roupa, na pele e nos cabelos, pois aqueles que fumam, mesmo depois de tomarem  o seu  banho diário e lavarem  a cabeça, continuam exalando aquele cheiro nauseabundo pelos poros, pelo nariz e pela boca.
Depois de ter sido introduzido na França, o vício de aspirar  o  tabaco, inicialmente em forma de rapé, apenas inalando o pó da planta, com o tempo se espalhou pela Europa e pelo resto do mundo no hábito de fumar ou aspirar a fumaça, sendo o fumo  hoje  usado em larga  escala    para abastecer o fornilho dos cachimbos, fabricar  charutos e servir de recheio para  cigarros e cigarrilhas. 
A planta (nicotiana)  e seu principal alcalóide  (nicotina) derivam do nome daquele diplomata francês, que se chamava Jean Nicot, nascido em 1530 e morto em 1600, considerado o introdutor e o principal  responsável pela disseminação  do vício do tabaco na Europa e dali para resto do  mundo.
Quando eu trabalhava  como bancário numa pequena agência do BB às margens do Taquari, nossa agência   atendia cerca de trezentos  produtores de tabaco daquela região, e nenhum deles fumava, nem seus familiares ou parentes, porque conheciam  o venenoso e mortal  efeito da planta que cultivavam, não apenas pela  inalação  de seus alcalóides durante a colheita e o preparo do fumo, como também por ser considerada, mesmo ainda  no pé,  uma planta extremamente tóxica, da qual até os insetos e as pragas da lavoura  se afastavam sem pousar em suas folhas.
Além do alcatrão, da nicotina e de  outros alcalóides do tabaco, hoje se sabe que na fumaça do cigarro as pessoas inalam, misturado ao fumo  com iodo, arsênico e naftalina,  um elemento radioativo dos mais venenosos, o terrível  Polônio 210, cujos efeitos letais  para o organismo são devastadores.
Luciano Machado

quinta-feira, 21 de março de 2013


O RITMO DA CHUVA
Olhando através das vidraças desta janela para a chuva que cai lá fora, recordo os tempos da minha juventude, quando nos clubes de Santana e Rivera, há meio século,  eu dançava com a minha namorada ou com alguma desconhecida e me deixava levar pelo ritmo da  canção “Ritmo da chuva” .
Há uma brutal  diferença entre as  letras musicais daquela época, verdadeiras obras primas de arte, bom gosto,  criatividade vocal,  vocabular e instrumental,  cheias de sensibilidade, emoção, pureza, ternura,  beleza e romantismo.    E  as de hoje, com raríssimas exceções,  tão pobres, agressivas, ofensivas,  de  mau gosto e de  péssima qualidade, que no entanto fazem sucesso, aqui e no exterior, perante um público ignorante, uma mídia sensacionalista e uma crítica duvidosa.  
Não se trata de pregar falsa moral ou ser hipócrita perante a nossa lamentável atual realidade, com a sua generalizada  pobreza de valores  e sua péssima  cultura artística e musical.  Mas unicamente fazer uma triste constatação – a de que o mundo simplesmente regrediu e com o passar do tempo foi perdendo seus artistas, músicos e compositores, os quais, por suas qualidades,  se tornaram insubstituíveis.
Suas obras, entretanto, não se perderam.  Elas permanecem à nossa disposição no interior de velhos discos de vinil ou regravadas em CD.
Escutá-las de vez em quando, não somente faz bem ao espírito, como terapia musical, mas também nos faz prestar atenção no conteúdo de certas mensagens na poesia de canções que haviam ficado para trás e que agora relembramos.
Por isso, às vezes,   temos que apagar nossos rádios e televisores e nos isolarmos um pouco do mundo contemporâneo, ligando o  nosso aparelho de som e colocando um disco, para escutar e  recordar  antigos sucessos musicais, entre os quais o  ”Ritmo da Chuva”.
Luciano Machado


AMIGOS PARA SEMPRE
Amigos não são apenas aqueles com quem convivemos diariamente.
Também são aqueles que  foram  nossos companheiros e companheiras  de infância, colegas de colégio ou  de trabalho e que, por circunstâncias da vida,  há um longo tempo não nos  vemos.
Mas se os reencontramos, a satisfação e a alegria de trinta, quarenta, cinqüenta anos  é a mesma. 
Isso é amizade.  Aquele estado de simpatia que permanece com aqueles, próximos ou distantes, que pensam uns nos outros com saudade,  ternura e bondade.
Entre estas pessoas a amizade não se apaga e dura para sempre.
Portanto,  quando alguém diz ou pensa que não tem amigos, recomendo pegar uma folha de papel em branco  e  fazer uma relação, recordando e anotando desde a infância, este, aquele ou aquela com quem convivemos e quais as possibilidades de mantermos algum contato, mesmo pela internet, através de suas redes sociais.
De posse dessa lista, com os nomes e e-mails de nossos amigos e amigas ,   poderemos recordar ou  pensar neles, ou,  a qualquer momento, nos comunicarmos com eles.  Só devemos cuidar para não nos tornarmos grudentos,  impertinentes, e não transformarmos nossa amizade, tão bem preservada pela distância, numa chateação.
Foi assim, através da internet, que tive  a alegria e a felicidade  de reencontrar e saber notícias de alguns amigos, como, por exemplo,  de uma amiga de infância que hoje vive na Itália desde a década de 70, e de outros amigos,  e a satisfação de saber que todos  estão bem, tocando suas vidas nos lugares  onde moram, e também ficaram felizes  em  saber notícias minhas.
Saber que em algum lugar da cidade, do estado, do país, do continente, do planeta ou do além existe uma pessoa que pensa em nós com alguma ternura, assim como nós pensamos nela,  isso é amizade.
Isto    faz com que reavaliemos a situação e  as circunstâncias e  não nos sintamos tão  sozinhos ou sem amigos, mesmo  em relação àqueles entes queridos, parentes,  amigos e amigas  que já se foram deste mundo,  pois também com a alma destes, ou de outros, de que fomos amigos em vidas passadas, nos reencontramos e nos comunicamos através dos  sonhos.
Luciano Machado