SER OU NÃO SER JORNALISTA
Escrevo para jornais desde a década de 70, mais precisamente, desde
o mês de agosto de 1972.
Nessa época, sob a direção da família Grisolia, o Jornal A Platéia ainda funcionava na Rua
Rivadávia Correa, no prédio da Sociedade Italiana.
Naquele local eu tinha
livre acesso à sala de redação para examinar e corrigir as provas dos meus
artigos datilografadas em máquinas IBM e
contei com a amizade de jornalistas e
funcionários, entre os quais o chefe de redação Nelson Basile; o
fotógrafo João David; o revisor Telmo José Luge Pinto; os jornalistas Luis
Vares, Eury Simões de Mello e José Geraldo Galvão Marinho.
Nessa mesma época também passei a colaborar com o jornal Folha Popular, que
funcionava na Rua Vasco Alves, dirigido pelo jornalista e historiador Ivo Caggiani.
Depois o jornal A
Plateia ficou transitoriamente sob o comando de Eury Simões de Mello e se
mudou para a Rua Uruguai, na esquina da Rua 13 de Maio, assumindo finalmente a sua direção uma equipe de jornalistas vindos de fora chefiados
por Elmar Bones.
Um dia, quando levava
em mãos pela primeira vez ao novo endereço um artigo para ser publicado, fui informado pelo advogado José Ucha, que
estava parado na porta, de que, por
decisão da nova administração, só
jornalistas profissionais podiam continuar
escrevendo para o jornal.
Surpreendido com aquela
decisão, pedi para falar com o diretor e o José me encaminhou para o Elmar Bones, que me recebeu educadamente. Então eu lhe disse que era colaborador do jornal e que acabava de
ser informado de que agora somente jornalistas profissionais podiam escrever.
“De fato, existe essa
nova orientação, me disse o Elmar; mas quem
já é colaborador pode continuar, e a sua colaboração continua bem vinda.”
Assim, naquela oportunidade, provavelmente eu teria deixado de escrever para jornais. Mas
felizmente tive a sorte de encontrar pela frente essa figura despretensiosa que continua sendo o Elmar Bones da Costa, um dos poucos jornalistas
que, mesmo em prejuízo de sua pessoa, não tem medo de exercer a sua profissão com
justiça e imparcialidade.
Outro camarada despretensioso, ousado e corajoso no que
escreve, que não deixou o sucesso nem a
vaidade subirem pra cabeça, e continua
sendo sempre a mesma pessoa, é o Juremir
Machado da Silva.
Bem. Mas depois a redação do Jornal A Platéia se mudou
para a Rua Silveira Martins e a Folha
Popular para a Rua General Câmara, e ambos os jornais mudaram de dono várias
vezes, passando a Folha a ser administrada por Getúlio Pereira, por uma equipe de funcionários, pelo empresário Elson
Macedo e finalmente por Edis Elgarte ; e
a Platéia, sucessivamente, por Glênio
Lemos, Jorge Escosteguy, Celina Hamilton Albornoz e Elson Macedo, estando hoje sob
a direção e o comando
administrativo dos amigos Kamal e Antonio
Badra.
Além de a Platéia e da Folha Popular, colaborei com outros
jornais locais que já deixaram de existir : O Kosmos, do meu amigo Silvio Bermann; o Jornal da Semana, do saudoso
Jorge Nascimento e do Wolmer Jardim e A
Cidade, do Edis Elgarte. Também
colaborei, sem ser jornalista, com
jornais de outras localidades do interior do estado.
De modo que, em todos esses anos, nunca tive maiores problemas
nem parei de escrever pelo
fato de não ser jornalista, talvez porque sempre tive a sorte e a satisfação de encontrar pessoas educadas, inteligentes
e de bom senso, na redação, na direção e na administração de todos esses jornais.
( Luciano Machado
)
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