Mudam os tempos e as Instituições
...
Em meu tempo de colégio primário as crianças eram ensinadas
em casa e também nas escolas. Desde o
modo de lavar o rosto, escovar os
dentes, segurar os talheres ... até
outras formas de educação e comportamento
em sociedade.
Na igreja , na escola dominical ou mesmo durante as missas, era ensinado às
crianças e até a alguns adultos, o modo
correto de proceder ao entrar num templo
e de como se comportar lá dentro.
Partia-se do princípio de que ninguém nasce sabendo.
Hoje as coisas acontecem a lo bandido. Cada um aprende como pode. Não tem ninguém, nem pai, nem mãe, nem
professor, nem padre, nem um funcionário encarregado que lhe oriente ou ensine coisa nenhuma, o que constrange as pessoas
diante daquilo que desconhecem e acabam
deixando de fazer alguma coisa porque
não sabem.
Vamos aos Bancos. Um
dia destes um idoso quase atropelou uma porta giratória porque não sabia por onde
entrar , e algumas pessoas ainda
ficaram dando risada. Outro dia um senhor humildemente vestido aguardava
segurando um pacote de dinheiro para abrir uma conta e fazer
um depósito e não sabia, ninguém lhe orientou,
que tinha de tirar uma senha e passar primeiro no atendimento. Em outra oportunidade, durante o serão de espera de atendimento nos guichês de um determinado
banco, enquanto as pessoas aguardavam pacientemente com seus números de senha,
dois únicos caixas naquele horário conversavam descontraidamente sobre futebol entre
si e com os clientes que estavam atendendo.
Mas os funcionários não têm culpa.
A culpa é dos novos tempos e das
próprias instituições que lhes dão esse
tipo de liberdade. Em minha época de bancário os supervisores e o gerente ficavam vigiando e controlando no relógio o tempo de atendimento. Se esse
tempo ultrapassasse determinado
limite, de acordo com o horário, o número de caixas e quantidade de clientes, eles vinham saber o que estava acontecendo. Quer dizer, havia um rigoroso controle e fiscalização internos, e uma constante preocupação com o bom atendimento e respeito
ao cliente, por parte dos antigos
administradores.
Em meu tempo de quartel,
a ordem, o respeito e a
disciplina eram rigorosamente observados.
Um uniforme sujo, mal passado ou mal
abotoado. Uma fivela de cinto sem brilho. Um coturno sem lustrar. Uma barba por fazer. Um modo inconveniente de proceder. Nada
disso era tolerado. Hoje vemos soldados com cabelo crescido. Barba por fazer. Fumando diante do seu superior. Cuspindo no chão. Escutando rádio em horário de serviço e
tendo várias outras condutas inapropriadas que em meu tempo eram consideradas
transgressões disciplinares.
Um dia fui visitar um doente que estava internado na UTI de
um hospital em reforma e fiquei apavorado com o barulho das máquinas furando as
paredes. Em outros tempos o silêncio no interior dos hospitais era
obrigatório e havia, além de avisos de “SILÊNCIO!” espalhados pelo
recinto, vários cartazes
com a foto de uma enfermeira pedindo silêncio a quem não soubesse ler.
Mas como eu dizia, a culpa não é das pessoas e sim das
instituições. (Luciano Machado)
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