quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Maquiavel, o Vilão da História ...

Um dos maiores teóricos em estratégia política e militar da história da humanidade e um mestre em diplomacia, depois de haver perdido por inveja e intriga perante os Médicis o cargo de secretário dos negócios da riquíssima cidade de Florença, Maquiavel passou a condição de emissário e desempenhou várias missões diplomáticas, entre as quais a de mediador dos banqueiros florentinos e o príncipe César Bórgia, que se tornara daqueles um potencial inimigo e adversário, depois de receber do pai, o Papa Alexandre VI, vastos domínios territoriais e montar seu próprio exército de mercenários.

Esta foi a mais importante missão de Maquiavel, entre l502 e l503, que, embora bem sucedida em seus objetivos de manter o perigo afastado, chegou ao fim com a morte do papa Alexandre VI (Rodrigo Bórgia) e a consequente derrota do seu filho César, traído e assassinado em Pamplona por seus próprios generais.

A seguir Maquiavel foi incumbido de outros encargos e um deles foi a difícil tarefa de criar uma milícia para proteger a cidade de Florença contra possíveis ataques das tropas chefiadas pelos ex-generais de Bórgia.

Maquiavel contava nessa época 38 anos de idade e este foi um dos últimos encargos administrativos que aceitou. Depois caiu em desgraça perante o regime a que servia, foi preso e torturado. Mas felizmente conseguiu ser anistiado pelo novo Papa, o carismático Julio II, que assumiu no lugar de Alexandre VI, restabeleceu a credibilidade, o poder e a respeitabilidade dos papas e ao qual Maquiavel acompanhou para reaver os antigos bens da Igreja, em poder dos mercenários, o que conseguiu, para surpresa do próprio Maquiavel, ao fazê-los capitular diante de si, com a simples imposição de sua presença e autoridade papal.

Daí em diante Maquiavel se dedicou aos estudos e à literatura.

Se por um lado Maquiavel tentou sobreviver de expedientes arriscados e poucos recomendáveis ao verificar que seus escritos não lhe garantiam a digna sobrevivência como escritor, por outro se tornou um grande erudito e disputado conselheiro a quem pessoalmente recorriam os poderosos do seu tempo e a cuja obra máxima (O Príncipe) os políticos do mundo inteiro ainda hoje recorrem, principalmente os candidatos ao poder, os que nele já estão e que pretendem nele continuar. Nessa obra todos encontram o que precisam saber em matéria de estratégias políticas. Mas é também um livro em geral bastante instrutivo do ponto de vista de como se originou o poder e algumas de suas instituições, como a das leis e das milícias, e quais os seus reais objetivos, no tempo em que foram criadas.

Em l527, desiludido, cansado e doente, Maquiavel recolheu-se ao pobre sítio em que vivia com sua mulher e filhos, nos arredores de Florença, e acabou morrendo doente e abandonado. Sendo porém mais tarde reabilitado com um busto e perpétuas homenagens em sua cidade natal.

Hoje as opiniões se dividem a seu respeito.

Alguns consideram Maquiavel um extraordinário escritor, poeta, compositor, filósofo, historiador, sociólogo, dramaturgo e um pesquisador que deixou inúmeras contribuições à posteridade.

Outros o julgam o vilão da história, pelo fato de ter escrito dois tratados (“Da Arte da Guerra” e “ O Príncipe”) que apontam como nocivos ao bem comum dos povos e da humanidade.


Luciano Machado

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