segunda-feira, 11 de setembro de 2017

NÓS DA RAÇA NEGRA
Minha vó Ana Maria Araujo Machado, mãe de meu pai, era negra e seu marido e meu avô Lucas Machado era branco.
Assim como era meu pai, sou mestiço, meio negro meio branco. Sempre convivi com negros e mulatos, desde a minha infância, e me criei entre negros e brancos.
Sempre formamos, negros e brancos, uma irmandade, como colegas de infância, de escola, de juventude, de quartel, de trabalho e socialmente até hoje. E me considero um descendente da negritude por parte da minha avó e de seus ancestrais.
Nós, a quem chamam de afro-descendentes, pertencemos a um espectro de várias tonalidades de pele, do mais claro ao mais escuro. Não é, pois, sem razão, que os negros puros ou mestiços de todas as tonalidades, sejam meus irmãos de raça.
Nós, negros ou descendentes da raça negra, temos a nossa participação em tudo, na cultura, no esporte, na arte, na música, nas ciências e nas letras, e hoje somos tratados com o devido respeito e escolhidos para o desempenho de papéis importantes por indicação da maioria dos brancos que detêm o poder e o comando das instituições. Não pelo fato de só agora os brancos haverem percebido que os negros são bons em tudo que fazem (a propósito recomendo o filme O Livro de Eli, interpretado pelo premiado ator e produtor negro norte-americano Denzel Washington), porém para se redimirem de tê-los deixado por tanto tempo à margem dos registros do protagonismo histórico, como foi o caso da sua participação, em troca da liberdade de sua condição de escravos, como heróis anônimos na revolução farroupilha, quando aqueles lanceiros negros foram traídos por seus chefes brancos, atacados de surpresa e mortos no criminoso “Massacre de Porongos” e também em outras revoluções e na Guerra do Paraguai, quando foram alistados compulsoriamente, como "voluntários da pátria" (leiam o livro “História Regional da Infâmia” do nosso escritor, jornalista e historiador Juremir Machado da Silva), sob a promessa enganosa de que, se sobrevivessem, obteriam a sua liberdade.
Hoje temos a comprovação, mundialmente reconhecida, da qualidade moral, intelectual e administrativa de um presidente negro, Barack Obama, que governou um dos países historicamente mais racistas da América e, a seu exemplo, através do convívio pacífico, democrático e fraterno, outros indivíduos da raça negra têm demonstrado, em todas as áreas do conhecimento, a sua capacidade, inteligência, talento e sabedoria.
É bom lembrar, ademais, que os negros, em seus países de origem, quando exerciam seu domínio sobre outras raças (leia-se O Ciclo das Raças ou Cosmogênese pelo escritor árabe Dr. Jorge Adoum), eram considerados, com orgulho, uma raça superior.
Através de seus descendentes homens e mulheres espalhados pelo mundo, os indivíduos da raça negra há séculos vêm se destacando nas artes, nas ciências e nas letras, desde os tempos de Jetro, o sacerdote negro de Midiã, pai de Débora, sogro e mestre espiritual de Moisés que o encorajou a voltar ao Egito e libertar o seu povo, levando-o para Cannaã ou Terra Prometida.
Entre os descendentes da raça negra estão algumas figuras conhecidas, tais como Alexandre Dumas, Castro Alves, Joaquim Nabuco, Cruz e Souza, José do Patrocínio, Rui Barbosa e Machado de Assis, este último, reconhecido universalmente como um dos maiores escritores de todos os tempos e homenageado ainda hoje em vários países, fundador e primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras.
LM

2 comentários:

  1. Luciano, fomos colegas e vizinhos na rua sete de Setembro, no início dos anos 60.Sou o Robson,irmão do Rômulo, Tise e Roselia (falecida)Vc deve se lembrar muito de mim e do meu irmão,assim comi lembremos de vc é da Aldaci,brincando na casa onde eu morava, jogando bola,brincando de bola de gude,etc..
    Meu email é ramamarcal@gmail.com

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  2. ...Rose..
    Meu pai Enéas Moretty,militar do exército e minha,mãe EGLA,ambos já falecidos..

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