CRIATURA
Abre
teus olhos e contempla, Criatura,
As
maravilhas do Criador …
Olha
esta árvore com seus ramos
Agitados
pelo vento
E
esse manto azul que encobre tudo
E
aqueles pássaros que descrevem
Em
alegres revoadas
Coreográficas
figuras.
Olha
o verdor destas colinas
E
aspira a brisa natural.
Contempla
o despencar das águas
Daquela
cachoeira
E
a tua face no lago que produz
Ao
pé da rochosa ribanceira.
Olha
essas rochas inanimadas
Que
nem por isso
Deixam
de ser majestosas e venerandas;
Elas
estavam aqui antes de nasceres
E
permanecerão aí depois que partires
Como
testemunhas silenciosas
Da
tua passagem
Por
este vale de belezas e de dores …
Contempla,
Criatura,
Um
pouco de ti mesma no que vês:
Tu
és a árvore, o pássaro,
A
cascata e o rio;
Tu
és a rocha e a colina,
Tu
és a brisa …
Pois
estas coisas representam
O
teu estágio de inocência e pureza.
Contempla
a natureza agreste e procura,
Entre
os seres que aí estão,
Algum
que por si só demonstre estar sofrendo.
Não
o encontrarás!
Porque
a dor pertence ao homem,
Assim
como a miséria e a riqueza,
A
guerra e a paz,
A
doença e a cura,
A
alegria e a tristeza,
O
mau e o bem estar …,
Como
consequências do seu modo
De
pensar e realizar.
E
depois de contemplares estas coisas,
Dirige
teus olhos para a realidade humana
Com
os seus desníveis e contrastes
Verificados
num mesmo ser.
Verás
o pobre que trabalha,
O
mendigo que perambula,
O
doente que sofre,
O
insensato que blasfema,
O
hipócrita que engana,
O
criminoso que mata,
As
vítimas de um flagelo,
O
terror estampado nos semblantes,
A
miséria e a fome dos oprimidos,
O
triunfo aparente dos tiranos,
Que
roubam, mentem, maltratam e dominam,
E
desfrutam dos bens ilusórios do poder.
E
nisto verás, igualmente,
Um
pouco de ti mesma …
Luciano
Machado
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