segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

A ÁRVORE DO BEM E DO MAL ...

Partindo-se do princípio de que nenhum individuo é completamente mau, havemos de convir que a natureza humana é uma mistura de ambas as tendências.
Os chamados ‘bons’ ou ‘maus’ são conduzidos ao bem e ao mal por um desequilíbrio de sua natureza anímica. E a perseverança num ou noutro desses dois extremos é prejudicial ao indivíduo e aos que com ele compartilham da existência.
Quem pratica o mal ou nele se compraz, faz de si mesmo a principal vítima. Quem pratica o bem sem conhecer as implicações dessa virtude, embora se julgue credor de todas as recompensas divinas, na verdade merece-as na medida em que o faz com sabedoria e justiça.
O homem comum, sendo um ser moralmente dual, ora retira do seu arsenal as armas da iniqüidade para com elas agir em seu próprio benefício, ora colhe do seu jardim as flores do bem para presenteá-las indistintamente. Em ambos os casos há que ter cuidado: Se considerarmos o mundo um covil de lobos pode ocorrer que venhamos a morder a própria cola; se por outro lado considerarmos o mundo um jardim, pode ocorrer que, no intuito de fazer o bem, nos magoemos ou magoemos alguém com um espinho oculto entre as flores.
Normalmente procuramos a árvore do bem e do mal no exterior, como faziam os sábios da antigüidade em relação à sua lápide, até o momento em que descobriram, como depois constataram os psicanalistas, que “os sinais exteriores eram símbolos de uma realidade interior”.
Somente aqueles que combatem em si a ignorância e o fanatismo adquirem a virtude do equilíbrio e sabem aplicá-la sem prejuízo de sua pessoa ou da coletividade, entendendo-se por coletividade a reunião de todos os seres que habitam ou fazem parte da natureza.
Ora, mas para que o homem obtenha consciência disso, é preciso que sofra na própria carne as conseqüências de seus atos errôneos e retifique suas ações neste mundo. Só então aprenderá a dosar em si mesmo os frutos dessa árvore, assim como os terapeutas dosam em suas fórmulas os ingredientes da cura, e não será mau nem bom, mas justo.

(Luciano Machado)

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