domingo, 13 de junho de 2010

NÃO CHORES POR MIM, ARGENTINA

Nascida numa pequena cidade do interior da Argentina, Eva Duarte era filha bastarda do rico fazendeiro Juan Duarte com uma de suas empregadas. Consta que sua mãe, Juana, foi adquirida pelo fazendeiro em troca de um jumento e uma carroça, e depois abandonada com os filhos ainda pequenos.
O nome de Evita está vinculado a uma série de coincidências ligadas ao nome Juan. Seu pai, sua mãe, seu irmão tinham esse nome.
E essa coincidência se completou ao conhecer o coronel Juan Domingo Perón, vice-presidente, que logo depois seria deposto e preso por seus colegas militares sob a acusação de estar fazendo campanha em favor dos trabalhadores.
Evita então, usando seu prestígio de atriz de rádio, cinema e teatro, levantou o clamor do povo contra a prisão de seu namorado e amante e este, dois dias depois, estava de novo na sacada do palácio acenando para a multidão que o aplaudia.
Durante o mandato de seu marido, Evita conseguiu realizar vários de seus sonhos de menina pobre, como ter prestígio, poder, jóias e roupas caras.
Mas foi uma lutadora pelos direitos dos oprimidos que a chamavam de mãe e brigavam por ela. Evita e Perón fizeram um governo voltado para o lado social e conseguiram se tornar imortais, lembrados, amados e reverenciados pelo povo argentino.
Tanto assim que Perón foi eleito duas vezes, em l946 e 1973, ao voltar de seu exílio.
Mas grande parte da popularidade do governo de Perón se deveu ao trabalho de Evita junto aos pobres e necessitados, que lhes construiu casas e criou leis sociais que os amparassem. Por este motivo muitos acharam que era uma militante de esquerda. Mas, pelo contrário, foi até criticada pela esquerda argentina em muitos aspectos, um deles, por mágoa das mulheres do PC, ao instituir, não sendo do partido, o voto feminino.
Dizem as más línguas que Evita, por outro lado, era implacável com o seus adversários e inimigos políticos e que mandou castrar vários deles, conservando, como testemunhos do seu poder, os testículos deles num recipiente com álcool e à mostra em cima de sua escrivaninha.
Quando Evita morreu, seu corpo foi embalsamado e exposto à visitação pública, depois foi roubado e sepultado na Itália, depois exumado e trazido para a Espanha onde Perón estava exilado, e finalmente, depois de muito tempo, após a morte de Perón, em 1974, mandado trazer para a Argentina por Isabelita, terceira esposa e viúva de Perón, no exercício da presidência.
Os relatos sobre Evita são muito controvertidos. Uns a defendem e endeusam. Outros combatem a sua imagem, como o sociólogo argentino J. J. Sebreli, que desmente, em seu livro “Ensaio contra Mitos”, vários fatos relacionados a ela e a Perón.
De qualquer sorte, Evita foi uma grande mulher, a primeira latino-americana de origem humilde a exercer o poder feminino ao lado de um chefe de estado, capaz de influir em seu governo de um modo muito especial, marcante e extraordinário.
Evita foi imortalizada na peça musical “EVITA’ e na canção “Não Chores por Mim, Argentina”, com música de Andrew Lloyd Webber e texto de Tim Rice, e interpretada por Madona no filme EVITA de Allan Parker.
(Luciano Machado)

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