domingo, 13 de junho de 2010

O FUTEBOL COMO FATOR DE MASSIFICAÇÃO E ALIENAÇÃO

Enquanto ouvia o noticiário sobre a Copa na África, me ocorreu escrever sobre um assunto que há muito tempo vinha mentalmente alinhavando.
Não é pelo fato de não me chamar a atenção que digo que o futebol como espetáculo é um dos fatores de massificação e de alienação das pessoas, desviando sua atenção de questões mais sérias, como, por exemplo, estar atento ao que acontece nos bastidores da política de sua cidade ou do seu país.
Embora conheça pessoas que apesar de apreciarem o futebol não dão prioridade a ele e não descuidam de outras questões de importância em sua vida profissional, política, econômica e social, acho que o futebol tem o poder de estragar o dia e influenciar no comportamento dos indivíduos, e aqui me refiro também aos jogadores que diante do prestígio e do poder se deixam afetar em sua personalidade.
Em função do futebol, sérios desentendimentos pessoais, discussões e crimes têm acontecido a partir de simples brincadeiras, como piadas, flautas e ironias. E acredito que muita gente até hoje queira a cabeça do Galvão Bueno pela natureza debochada e deselegante de alguns comentários seus em relação a povos e países.
O futebol traz consigo rancores e vícios, como o alcoolismo, não dos jogadores, mas por parte dos torcedores que adoram comemorar com uma bebedeira as vitórias do seu time. E daí para uma tragédia é um passo. Quantas brigas entre torcidas e invasões de campo têm acontecido com trágicas conseqüências ...
Quando se diz que o esporte é sadio, fala-se na sua prática saudável, seja ele físico ou intelectual, como o próprio futebol, as corridas, o tênis, o xadrez, etc.
O mal não está na prática esportiva do futebol, mas em se deixar fanatizar por ele, a ponto de encher a cara e ficar de mau humor, odiar o Maradona e os argentinos, insultar as outras pessoas, ou até partir para a agressão física ou o homicídio em alguns casos.
Acho saudáveis, por exemplo, as peladas, com ou sem trocadilhos, desde a infância, como era o caso da minha geração, quando jogávamos na areia de pés descalços com bolas de pano, ou mesmo hoje as peladas de fim de semana, como exercício físico, lazer e entretenimento.
Mas deixar-se influenciar a ponto de vir a se interessar pela vida pessoal dos jogadores, saber quanto ganham, ficar aflito ou triste porque soube que um deles teve um problema no joelho ou uma unha encravada, não dormir em função da derrota do seu time, encher a cara, passar o dia de mau humor, adoecer, cometer atos inadmissíveis em sua vida pessoal ou profissional e agredir os outros verbal ou fisicamente, isso já não é apenas fanatismo, é doença psíquica e emocional.
Eu costumo dizer brincando que aquelas pessoas que vivem em função do futebol, que se aglomeram num estádio, na tv ou em torno de um telão para assistir a um jogo sem dar atenção a mais nada, são como bichinhos da luz magnetizados e revoando em torno dela. Mas quando a luz se apaga, todos caem na realidade.
O presidente Muamar El Kadafi, da Líbia, dizia em seu Livro Verde que os espetáculos de massa, entre eles as touradas, o boxe e o futebol, como fatores alienantes, estavam com os seus dias contados no mundo e que a tendência era com o tempo desaparecerem. Concordo plenamente com ele.

(Luciano Machado)

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