domingo, 13 de junho de 2010

SERPENTES HUMANAS


A pior espécie de inimigo é aquela dos que não aparecem como tais, ou que se escondem sob esta ou aquela circunstância ou condição para nos boicotarem ou nos prejudicarem em alguma coisa.
É uma espécie desleal de amigos, ou covarde de inimigos, que alguns chamam de ‘inimigo na trincheira’, porque ocultam o seu mal-entendido, a sua mágoa, o seu rancor, o seu ressentimento, a sua odiosidade, na ação silenciosa das manobras sub-reptícias.
Tais inimigos, homens ou mulheres, também se ocultam por trás da aparência de um amigo, de um confrade, de uma pessoa que sempre nos mostra uma cara simpática ou gentil, ou de alguém que chega até a nos prestar alguns favores ... Mas, cuidado! Por trás de tudo isso pode existir uma serpente venenosa. Atentemos, pois, para o fato de alguém que conhecemos e com quem de alguma forma convivemos que de repente deixa de nos cumprimentar ou finge que não nos vê na rua.
Freud já dizia: “Não desprezeis os pequenos sinais!”. E a psicanálise nos ensina que os sinais exteriores são indícios de uma realidade interior.
Portanto, muito cuidado com as pessoas com quem tratamos ou com as quais de alguma forma temos contato e que de uma hora para outra passam a apresentar um comportamento estranho. Estejamos atentos à linguagem dos sinais.
A Natureza nos diz que a serpente não nos ataca se não pisamos nela. Cuidado, pois, para não pisarmos na susceptibilidade alheia, o que às vezes acontece involuntariamente. As serpentes pisadas nem sempre nos alertam com o seu guizo, pois nem todas têm a educação e a elegância da cascavel, e geralmente respondem com o seu bote traiçoeiro.
Uma das características das serpentes traiçoeiras e venenosas se assemelha àquela das pessoas que nos elogiam pessoalmente e falam mal de nós pelas costas. Estas pessoas certamente não conhecem ou não obedecem àquele conselho do poeta Mário Quintana que diz mais ou menos o seguinte: “Não te abras com teu amigo/ Porque amigos ele tem / E os amigos do teu amigo / Amigos terão também.”
Para não sermos apanhados de surpresa, ou desprevenidos, convém ter muito cuidado com a qualidade das pessoas que conhecemos ou que encontramos nos ambientes ou setores que freqüentamos, no caminho por onde andamos e onde pisamos. Esses ambientes, setores ou caminhos, estão cheios de serpentes venenosas, infiltradas entre as pessoas amigas, leais, corretas e dignas de nossa amizade.

(Luciano Machado

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