quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

O RIO IBIRAPUITÃ

O Rio Ibirapuitã, de que tanto se orgulha e faz alarde o povo alegretense e que tem papel de destaque em seus atrativos e na canção-hino dos irmãos Fagundes (“Tem o Sol como uma brasa que ainda arde / Mergulhado no Rio Ibirapuitã”), é cria destes pagos e nasce de uma pequena vertente d’água aqui no município de Sant’Ana do Livramento, mais precisamente no lugar denominado Coxilha do Aedo. Irmanados, portanto, pelo mesmo chão e pela mesma cultura regionalista, os municípios de Santana do Livramento e Alegrete também são unidos pelo mesmo rio.
A partir daqui, qual um menino esguio, travesso andando de arco, vai correndo e serpenteando por entre os pastos, campos nativos, capões, matos, aramados e propriedades, e abrindo o seu sinuoso canal num solo mais ou menos plano, às vezes rochoso, margeado também às vezes por matas ciliares, terras d’alguém, de todos ou de ninguém, como a chamada “Reserva Ambiental do Ibirapuitã”, com sua flora e fauna silvestres que abrigam desde ratos do banhado, até lontras, avestruzes, cervos, bugios, lobos e mais uma porção de espécies de animais silvestres em extinção, e que vai se alargando até atingir proporções de adolescência e maturidade de um rio que já se preza e onde já é bastante largo e profundo, irrigando por alagamento extensas áreas na estação das chuvas e oferecendo excelentes condições de subsistência às atividades de lavoura, pecuária e agricultura, prestando-se ademais também ao turismo, a acampamentos, lazer, pesca, natação e navegabilidade, caso isto fosse, é claro, em sua área de preservação, permitido pelo órgão fiscalizador. Não se atreva, portanto, quem quer que seja, a caçar, pescar ou capturar animais nativos às margens preservadas do Rio Ibirapuitã.
Com seu curso de águas rasas, estreitas, límpidas e cristalinas no princípio, e até um bom trecho do seu leito pedregoso, que depois vão se encorpando e tornando mais profundas, densas, largas, escuras e até mesmo poluídas por fatores ambientais circunstantes, decorrentes em grande parte da ação ou atividade humana, sem descaracterizar, no entanto, a sua beleza natural, o Rio Ibirapuitã se une, como afluente, com os galhos hidrográficos dos rios Caverá, Santa Maria e Ibicui, que finalmente juntam suas águas às do grande Rio Uruguai.
Certa vez, e isto já faz mais de trinta anos, o nosso amigo Benito Orlando Cademartori, que era um dos procuradores da empresa do seu grupo familiar aqui de Livramento onde eu também trabalhava, sendo piloto do Aero-Clube local, acalentou o propósito de ir sobrevoando e fotografando o Rio Ibirapuitã, desde a sua nascente local, até Alegrete, onde ele atinge largas proporções. Não sei se algum dia o Benito chegou a realizar esse projeto, porque depois foi-se embora para Porto Alegre e deixou de pilotar. Mas seria um importante documentário fotográfico. De qualquer modo, é sempre uma boa idéia fazer este registro alguém que se disponha a isto por conta própria – sobrevoar o rio Ibirapuitã ao longo de seu percurso e fotografá-lo.
Um grande amigo e defensor do Rio Ibirapuitã e de sua reserva biológica (A.P.A) é o ambientalista Ari Quadros, cidadão santanense honorário, natural de Quarai, que foi gerente da agência local do Banco do Estado do Rio Grande do Sul. Ari Quadros, que é meu amigo e também do professor e ambientalista Juca Sampaio, é um conceituado ecologista, defensor de nossa hidrografia, flora e fauna, e autor de vários trabalhos sobre a questão ambiental.

Luciano Machado

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