DOMINGO DE PÁSCOA
A páscoa é comemorada por judeus, cristãos, religiosos e pagãos. Do ponto de vista judeu é a passagem do estado de escravidão para o de liberdade.
Do ponto de vista cristão é o dia em que se comemora a ressurreição de
Jesus. Do ponto de vista pagão: a festa da passagem do Inverno para a Primavera. E assim por diante. Para os muçulmanos a Páscoa não existe, pois entendem que Jesus
foi salvo por Deus e não morreu ao ser
crucificado, e portanto não tem sentido comemorar a sua ressurreição.
Apesar da divergência de significados e opiniões, o espírito do bem
parece reinar durante a páscoa,
dando-nos uma sensação de renascimento e nos transmitindo um sentimento de paz e harmonia, como se as pessoas tivessem realmente atravessado, com Cristo, uma ponte, de sexta feira para domingo.
Entretanto, por outro lado, parece que todos os inimigos da religiosidade, principalmente aqueles que têm gênio violento, aproveitam o dia da páscoa para discutir, tumultuar,
insultar e agredir.
E o lamentável é que esse
espírito muitas vezes encarna justamente naqueles que têm a missão
sacramental ou a incumbência sacerdotal de bendizer, esclarecer ou transmitir a mensagem pascal, fazendo parecer que está
lidando com um bando de pecadores remissos, criminosos ou
malfeitores.
Quando eu freqüentava as missas
de domingo na Igreja Matriz, lembro que
os sermões mais violentos e irascíveis eram feitos justamente no domingo de páscoa,
como se os oradores escolhessem este dia especialmente para atacar a consciência daqueles, fiéis ou
não, que considerassem estar pecando ou agindo
em desacordo com a idéia da
ressurreição.
Parecia que o sacerdote escolhia
justamente o dia da festa da ressurreição para chicotear a consciência de seus
paroquianos, justificando, talvez, a sua
atitude, com o fato de Jesus, durante a comemoração da páscoa
judaica, haver chicoteado os mercadores do templo.
Dizia o sacerdote que haviam transformado
a festa de páscoa num dia comercial, obrigando as pessoas a se
presentearem, como se com isto se redimissem
dos seus pecados ou pensassem estar quitando suas dívidas e
obrigações.
Então muitas pessoas saíam com a
consciência pesada, almoçavam mal, e
passavam o resto do dia pensando nas
palavras e na figura irada do sacerdote
que provavelmente em seguida esquecia o que tinha dito, ia almoçar e tomar o seu vinho tranqüilo.
Alguns párocos ou pastores ainda hoje costumam manifestar, no dia da Páscoa, uma
espécie de ressurreição das mesmas atitudes daquele
homem de Deus, diante do seu rebanho.
Feliz Páscoa!
Luciano Machado
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