O RITMO DA CHUVA
Olhando através das vidraças desta janela para a chuva que
cai lá fora, recordo os tempos da minha juventude, quando nos clubes de Santana
e Rivera, há meio século, eu dançava com
a minha namorada ou com alguma desconhecida e me deixava levar pelo ritmo da canção “Ritmo da chuva” .
Há uma brutal diferença entre as letras musicais daquela época, verdadeiras
obras primas de arte, bom gosto, criatividade vocal, vocabular e instrumental, cheias de sensibilidade, emoção, pureza,
ternura, beleza e romantismo. E as
de hoje, com raríssimas exceções, tão
pobres, agressivas, ofensivas, de mau gosto e de péssima qualidade, que no entanto fazem
sucesso, aqui e no exterior, perante um público ignorante, uma mídia sensacionalista
e uma crítica duvidosa.
Não se trata de pregar falsa moral ou ser hipócrita perante
a nossa lamentável atual realidade, com a sua generalizada pobreza de valores e sua péssima cultura artística e musical. Mas unicamente fazer uma triste constatação –
a de que o mundo simplesmente regrediu e com o passar do tempo foi perdendo
seus artistas, músicos e compositores, os quais, por suas qualidades, se tornaram insubstituíveis.
Suas obras, entretanto, não se perderam. Elas permanecem à nossa disposição no
interior de velhos discos de vinil ou regravadas em CD.
Escutá-las de vez em quando, não somente faz bem ao espírito,
como terapia musical, mas também nos faz prestar atenção no conteúdo de certas
mensagens na poesia de canções que haviam ficado para trás e que agora
relembramos.
Por isso, às vezes, temos que apagar nossos rádios e televisores e
nos isolarmos um pouco do mundo contemporâneo, ligando o nosso aparelho de som e colocando um disco,
para escutar e recordar antigos sucessos musicais, entre os quais o ”Ritmo da Chuva”.
Luciano Machado
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