‘A LOUCA DE CHAILLOT’
Tem filmes que, mais do que vistos
no cinema ou através de locação, merecem ser adquiridos e guardados para rever
depois, de tempos em tempos, porque são verdadeiros clássicos ou obras primas
da literatura, da dramaturgia e da cinematografia.
Já faz uns trinta anos que assisti
ao filme a Louca de Chaillot, e desde então tenho procurado esse filme nas locadoras para
ver de novo e não encontro.
O filme é baseado na peça homônima do
escritor francês Hypolite Jean Giraudoux e dirigido pelo ator, produtor,
diretor e roteirista inglês Bryan Forbes, com Katharine Hepburn e Yul Brynner
nos papéis principais.
É a história de uma velha condessa,
pertencente à aristocracia francesa arruinada, que ainda conserva a sua velha casa,
suas jóias, sua pose, suas lembranças e seu vestuário. Ela costuma freqüentar um café de Paris, onde
se encontra com outras figuras, igualmente empobrecidas, remanescentes da velha
aristocracia, que agora vivem de lembranças, e com as quais se reúne, às vezes,
para tomar um chá em sua casa.
Indignada
com a avidez dos que querem transformar a cidade de Paris num imenso campo de
prospecção de petróleo, ela e seus
amigos começam a montar um tribunal secreto, no porão da casa, onde serão
julgados os maus empreendedores.
Para
isso, envia correspondências a todos eles, informando-os de que, no subsolo de
sua mansão, existe um poço de petróleo, e os convida para visitarem o local.
Enquanto
isso, convida uma velha amiga, juíza aposentada, a presidir o tribunal, e a outros
antigos membros da nobreza, hoje transformados em mendigos, trapeiros e papeleiros, para desempenharem papéis de advogados de acusação e defesa. E assim têm abertura os trabalhos, onde cada
político ou empresário inescrupuloso é julgado por seus crimes.
Na
medida em que os convidados (réus) vão chegando, depois de proferidas suas
sentenças prévias, são conduzidos ao subsolo, sob o pretexto de visitarem ali uma
suposta jazida de petróleo.
Depois
que todos os convidados são previamente julgados, sentenciados e executados,
isto é encerrados para sempre no escuro subterrâneo revestido de pedras de sua casa, para onde cada um deles é convidado
a descer por uma escada, então a porta é fechada, definitivamente, e a condessa e seus auxiliares dão por
encerrada a sessão daquele tribunal improvisado.
Em
linhas gerais a história é essa, mas o filme não se resume nisso. É uma verdadeira pérola cinematográfica, do
princípio ao fim, com o seu roteiro, seus diálogos, sua filosofia e sua
realidade.
A
velha condessa chamada de ‘a louca’ por sua excentricidade, e seus amigos, promovem
o ato de justiça a um estágio ideal de
eficácia e imparcialidade.
Luciano Machado
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