domingo, 6 de julho de 2014

O SÁBIO E FILÓSOFO GIORDANO BRUNO


            Em 1548 nascia Giordano Bruno, que se fez monge dominicano (de domini + canes = cães do Senhor) e que independente do estudo dos temas obrigatórios como membro da ordem fundada por São Domingos de Gusmão, estudou por sua conta  diversos outros assuntos, entre os quais magia e ocultismo.

            Entre as chamadas ciências ocultas que ele estudou, uma delas era ver o caráter das pessoas através dos traços fisionômicos.  E Giordano Bruno era um mestre neste assunto.

            Certa vez, e isto está no filme de Giuliano Montaldo sobre a sua vida, enquanto bebia vinho numa taverna com um amigo, observava as fisionomias ao redor e ia dizendo: este sujeito tem cara de rato, aquele outro tem cara de porco e aquele tem cara de peixe.   Segundo a teoria de Giordano Bruno ter cara de um animal era possuir os seus instintos.  O seu amigo começou a observar os demais por sua conta e adivinhar, por suas fisionomias, o bicho a que correspondia e a noite tornou-se alegre e divertida.  Assim, o que tinha cara de rato agia como tal; o que tinha cara de porco, de fato, tinha virado a comida e o vinho sobre a mesa; e o que tinha cara de peixe, por seus movimentos, parecia um peixe fora da água.

            Frei Giordano, por seu estranho posicionamento em desacordo com a doutrina da igreja entrou em atrito com seus superiores, viu-se obrigado a fugir do claustro e depois de perambular por vários países estudando e lecionando filosofia, astronomia e matemática, retornou à Itália radicando-se em Pádua e depois em Veneza.

            Agora, sob a proteção de um rico comerciante de nome Mocenigo, em cuja casa residia, Giordano passava seus dias lecionando seu protetor e escrevendo e as noites percorrendo as tabernas do lugar onde se fixara.  Raramente era visto numa festa.  Mas quando isto acontecia, era um irreverente e um impiedoso crítico da sociedade.  A tal ponto que começou a granjear a inimizade e a antipatia das pessoas, embora no fundo estas o admirassem por seus conhecimentos e sua sabedoria.

            Devido às suas observações e ensinamentos não condizentes com a doutrina da igreja e os costumes da sociedade e também por já não estar o seu protetor satisfeito com suas aulas particulares sobre magia e arte de memória, um dia foi preso pelo próprio Mocenigo em seu domicílio e encaminhado às autoridades; e depois de permanecer algum tempo no calabouço, foi conduzido perante o tribunal da inquisição.  Após o interrogarem e torturarem barbaramente sem que o demovessem de suas idéias nem abjurasse do que costumava pregar, e apesar da boa vontade do Papa Clemente VIII em absolvê-lo si se retratasse, o que não fez, foi então condenado e entregue às autoridades civis, amarrado, amordaçado com um anel de ferro e conduzido à fogueira, onde morreu queimado em 1600, aos 52 anos de idade.

Por uma ironia da fé, da ciência e do destino, de nada lhe valeu dizer a verdade e identificar instintos na fisionomia de seus inimigos.

O ator Gian Maria Volontè, que personificou Giordano Bruno nesse filme, morreu aos 61 anos em 1994.

                        Luciano Machado

            

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