quarta-feira, 9 de julho de 2014

CAUSOS DO CATY – DE PEDRO ANTONIO D’AVILA


Terminei de ler com imenso prazer o livro Causos do Caty, de autoria de Pedro Antonio D’Avila, o qual, com grande propriedade e conhecimento da história local, nos conta alguns episódios daquele período, compreendido entre a segunda metade dos anos 1800 e início dos anos 1900 ..., nos tempos do Quartel do Caty, comandado pelo Coronel João Francisco Pereira de Souza.

Os causos são narrados pela boca de peões de estância, à beira do fogo de chão do galpão de uma de nossas fazendas do interior do município.

São quase cem páginas narrando em forma de causos a história de nossa fronteira, com tanta verossimilhança e  riqueza de detalhes que nos transportam pela imaginação àquela época longínqua, fazendo com que visualizemos o cenário dos lugares, com suas estradas de chão,com suas longas viagens de carreta de ida e volta que demoravam vários meses através dos campos, desde Rivera até a cidade de Montevidéu, com suas carruagens, seus tipos humanos, sua indumentária  e o ambiente pastoril em que viviam.

Também o autor descreve com perfeita nitidez, através de sua narrativa, alguns incidentes históricos internacionais, como é o caso da invasão da cidade de Rivera pelo Coronel João Francisco Pereira de Souza, para destruir a redação de dois jornais brasileiros adversários que funcionavam na vizinha cidade.

Também Pedro Antonio nos fala da revolução civil uruguaia,  entre blancos e colorados, que culminou com o combate de Massoller, em 1904, na divisa entre as cidades de Rivera e Artigas, onde foi gravemente ferido o caudilho uruguaio  Aparício Saravia, líder do partido Blanco, que depois veio a morrer na fazenda da mãe do Coronel João Francisco, no lugar denominado Rincão do Maneco, do lado brasileiro.

Quem conhece a história de nossa fronteira naquela época tem a oportunidade de confirmar o que já sabe, e quem não a conhece, de ficar sabendo, através das páginas do livro Causos do Caty, do santanense, escritor e engenheiro Pedro Antonio D’Avila de Mello.


Luciano Machado

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