NÃO CHORES POR MIM ,
ARGENTINA !
Em tempos de mulheres no poder,
seria bom recordarmos talvez a maior delas.
Nascida numa pequena cidade do interior da Argentina, Eva Duarte era
filha bastarda do rico fazendeiro Juan Duarte com uma de suas empregadas.
O
destino de Evita está vinculado a uma série de coincidências ligadas ao nome
Juan. Seu pai, sua mãe, seu irmão
tinham esse nome.
E
essa coincidência se completou ao conhecer o coronel Juan Domingo Perón,
vice-presidente, que logo depois seria deposto e preso por seus colegas
militares sob a acusação de estar fazendo campanha em favor dos trabalhadores.
Evita
então, usando seu prestígio de atriz de rádio, cinema e teatro, levantou o
clamor do povo contra a prisão de seu namorado e amante e este, dois dias
depois, estava de novo na sacada do palácio acenando para a multidão que o
aplaudia.
Durante
o mandato de seu marido, Evita conseguiu realizar vários de seus sonhos de
menina pobre, como ter prestígio, poder, jóias e roupas caras.
Mas
foi uma lutadora pelos direitos dos oprimidos que a chamavam de mãe e brigavam
por ela. Evita e Perón fizeram um
governo voltado para o lado social e conseguiram se tornar imortais, lembrados,
amados e reverenciados pelo povo argentino.
Tanto
assim que Perón foi eleito duas vezes, em l946 e 1973, ao voltar de seu exílio.
Mas
grande parte da popularidade do governo de Perón se deveu ao trabalho de Evita
junto aos pobres e necessitados, que lhes construiu casas e criou leis sociais
que os amparassem. Por este motivo
muitos acharam que era uma militante de esquerda. Mas, pelo contrário, foi até criticada pela
esquerda argentina em muitos aspectos, um deles, por mágoa das mulheres do PC,
ao instituir, não sendo do partido, o voto feminino.
Dizem
as más línguas que Evita, por outro lado, era implacável com seus adversários e
inimigos políticos e que mandou castrar vários deles, conservando, como
testemunhos do seu poder, os testículos deles num recipiente com álcool e à
mostra em cima de sua escrivaninha.
Quando
Evita morreu, seu corpo foi embalsamado e exposto à visitação pública, depois
foi roubado e sepultado na Itália, depois exumado e trazido para a Espanha onde
Perón estava exilado, e finalmente, depois de muito tempo, após a morte de
Perón, em 1974, mandado trazer para a Argentina por Isabelita, terceira esposa
e viúva de Perón, no exercício da presidência.
Os
relatos sobre Evita são muito controvertidos.
Uns a defendem e endeusam. Outros
combatem a sua imagem, como o sociólogo argentino J. J. Sebreli, que desmente,
em seu livro “Ensaio contra Mitos”, vários fatos relacionados a ela e a Perón.
De
qualquer sorte, Evita foi uma grande mulher, a primeira latino-americana de
origem humilde a exercer o poder feminino ao lado de um chefe de estado, capaz
de influir em seu governo de um modo
muito especial, marcante e
extraordinário.
Evita
foi imortalizada na peça musical “EVITA’ e na canção “Não Chores por Mim,
Argentina”, com música de Andrew Lloyd Webber e texto de Tim Rice, e interpretada
por Madona no filme EVITA de Allan Parker.
Luciano Machado
Nenhum comentário:
Postar um comentário