segunda-feira, 30 de junho de 2014

BONS E MAUS LEITORES/ESCRITORES 



Há muito tempo fiquei sabendo, com o meu saudoso amigo e mestre, poeta e jornalista Joaquim de Abreu  Fialho, que aprendemos a escrever lendo textos bem escritos e de bons autores.

Joaquim de Abreu Fialho recebia semanalmente, da Editora Saraiva, um pacote de livros pelo Correio.  Ele os abria, retirava os volumes, os cheirava, examinava o material e o visual exterior das capas, as orelhas, a textura do papel, a ficha catalográfica, os caracteres tipográficos (letras) se eram agradáveis ou não à leitura, e depois abria o livro numa página qualquer, em início de capítulo, e começava a sua degustação.  Se era um autor desconhecido, então lia o primeiro parágrafo do primeiro capítulo.  Lia o segundo.  Lia o terceiro.  Até encontrar um sentido, um nexo ou  coerência nas palavras do autor.

Então ele dizia.  “Se tu quiseres saber se um livro ou autor é bom ou mau, lê um capítulo qualquer; se te agradar, lê o livro inteiro.  Se não te agradar o capítulo, põe o livro de lado.”

Mas quais são os critérios  para identificar se um texto é bom ou mau.

Se durante a leitura começamos a encontrar erros de grafia ou de sintaxe, ou se tivermos que reler uma frase ou pensamento para entender o seu significado, é sinal de que o texto não é recomendável, nem o autor.

Os autores, bons ou maus, ao firmarem seu estilo, independentemente da correção gramatical que é obrigatória, colocam nele todas as suas manias,   vícios de linguagem e modismos literários.

Se o autor ou autora forem bons, estas manias, vícios e modismos fazem escola e contribuem para o melhoramento das Letras.

E assim temos as obras que se tornaram clássicas de Luís de Camões, Cervantes, Shakespeare, Alexandre Dumas, Honoré de Balzac, as irmãs Brontë, W. S. Maugham, Machado de Assis, José de Alencar, Ernest Hemingway, Horácio Quiroga, Gabriela Mistral, Gabriel Garcia Marquez, Cecília Meireles, Jorge Luis Borges, Raquel de Queirós e tantos outros autores e autoras admiráveis.

Mas se forem ruins, na forma, no estilo e no conteúdo, acabam criando uma legião de seguidores que serão também maus leitores e maus escritores, incapazes de discernir se uma obra é ou não aproveitável, e se um texto é de boa ou de má qualidade.

Luciano Machado







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