quinta-feira, 26 de junho de 2014

PÉROLAS DE UM MESMO COLAR ...


Uma das características que unem os povos é o fato de existirem fronteiras irmanadas, em que duas cidades de origens e culturas diferentes se situam lado a lado, separadas por uma avenida, como Livramento e Rivera, ou  ligadas por uma ponte que atravessa um rio, como Quarai e Artigas, e que convivem num clima de paz e cordialidade.

Ainda que cultuem separadamente suas tradições, valores e vultos históricos, como é o caso do patrono da cidade de Artigas, General José Gervásio Artigas, o qual todos aqueles que estão familiarizados com a história de ambos os países reconhecem como um valoroso herói e caudilho que lutou até enquanto lhe foi possível  pela libertação de sua querida pátria oriental deixando-nos este lema: “Com libertad, no ofendo ni temo”; ainda que no passado tenham havido combates entre os colonizadores portugueses e espanhóis e discórdias posteriores, hoje o Brasil e o Uruguai integram a comunidade das nações livres e independentes que convivem num clima de paz, cordialidade, harmonia e respeito e transmitem esse exemplo a todos os forasteiros e turistas que passam por aqui. 

Com referência a esta nossa fronteira do Brasil com o Uruguai, sinto-me à vontade  para falar dos vínculos que nos unem, brasileiros e uruguaios, porque em minhas veias também corre o sangue castelhano.  Minha mãe era natural de Salto e meu bisavô materno possuía um estabelecimento rural em Estación de Achar, no departamento de Tacuarembó, onde foi atacado e morto por uma onça parda, episódio que narro em meu livro “O Velho e a Fera”.

E agora, em plena Copa do Mundo, mais uma vez constato essa bela integração entre nossos povos, onde famílias uruguaias e brasileiras mantém vínculos comuns, senão de parentesco, pelo menos de afeto e amizade, de esportividade e intercâmbio cultural (neste governo da presidenta Dilma foi criado em nossa fronteira um Instituto Binacional de Ciência e Tecnologia, proporcionando ensino gratuito, a nível de vestibular, nas áreas de ciência e tecnologia a jovens brasileiros e uruguaios), e isto merece registro, pois é uma constatação daquela sentença: “Los hermanos sean unidos / Esta es la ley primera / Tengan unión verdadera / Em cualquier tiempo que sea / Pues se entre ellos pelean / Los devoran los de afuera”, que nos deixou como mensagem  o poeta e caudilho argentino José Hernández , evidenciando que nossas cidades irmãs, na fronteira do Uruguai com o Brasil,  são pérolas de um mesmo colar, cujo fio espiritual une todos os países da América Latina.



Luciano Machado

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