PÉROLAS DE UM MESMO COLAR ...
Uma das
características que unem os povos é o fato de existirem fronteiras irmanadas,
em que duas cidades de origens e culturas diferentes se situam lado a lado,
separadas por uma avenida, como Livramento e Rivera, ou ligadas por uma ponte que atravessa um rio,
como Quarai e Artigas, e que convivem num clima de paz e cordialidade.
Ainda que
cultuem separadamente suas tradições, valores e vultos históricos, como é o
caso do patrono da cidade de Artigas, General José Gervásio Artigas, o qual todos
aqueles que estão familiarizados com a história de ambos os países reconhecem
como um valoroso herói e caudilho que lutou até enquanto lhe foi possível pela libertação de sua querida pátria oriental
deixando-nos este lema: “Com libertad, no ofendo ni temo”; ainda que no passado
tenham havido combates entre os colonizadores portugueses e espanhóis e
discórdias posteriores, hoje o Brasil e o Uruguai integram a comunidade das
nações livres e independentes que convivem num clima de paz, cordialidade, harmonia
e respeito e transmitem esse exemplo a todos os forasteiros e turistas que
passam por aqui.
Com
referência a esta nossa fronteira do Brasil com o Uruguai, sinto-me à
vontade para falar dos vínculos que nos
unem, brasileiros e uruguaios, porque em minhas veias também corre o sangue
castelhano. Minha mãe era natural de
Salto e meu bisavô materno possuía um estabelecimento rural em Estación de
Achar, no departamento de Tacuarembó, onde foi atacado e morto por uma onça
parda, episódio que narro em meu livro “O Velho e a Fera”.
E agora, em plena Copa do Mundo,
mais uma vez constato essa bela integração entre nossos povos, onde famílias
uruguaias e brasileiras mantém vínculos comuns, senão de parentesco, pelo menos
de afeto e amizade, de esportividade e intercâmbio cultural (neste governo da
presidenta Dilma foi criado em nossa fronteira um Instituto Binacional de
Ciência e Tecnologia, proporcionando ensino gratuito, a nível de vestibular,
nas áreas de ciência e tecnologia a jovens brasileiros e uruguaios), e isto
merece registro, pois é uma constatação daquela sentença: “Los hermanos sean
unidos / Esta es la ley primera / Tengan unión verdadera / Em cualquier tiempo
que sea / Pues se entre ellos pelean / Los devoran los de afuera”, que nos
deixou como mensagem o poeta e caudilho
argentino José Hernández , evidenciando que nossas cidades irmãs, na fronteira
do Uruguai com o Brasil, são pérolas de
um mesmo colar, cujo fio espiritual une todos os países da América Latina.
Luciano
Machado
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