quinta-feira, 19 de junho de 2014

O PAÍS DO CARNAVAL, DA RELIGIOSIDADE E DO FUTEBOL


(Crônica originalmente publicada em junho de 2010)


            No dia 15 de junho de 2010, com a estréia da Seleção Brasileira na Copa da África, ficou mais uma vez demonstrado como a nossa participação na Copa tem o poder de paralisar quase todos, senão todos os setores de atividade, agregar as pessoas e mobilizá-las para assistir a uma competição, vibrar, aplaudir e fazer festa.

Nesta terça-feira, foram centenas de milhares de brasileiros de todas as idades, cores, religiões e condições sociais, nos diversos Estados, abandonando suas casas e saindo às ruas para festejar a vitória brasileira no seu primeiro jogo.

Assistindo a essas manifestações de entusiasmo, alegria e contentamento do povo brasileiro, vimos a espontaneidade e a facilidade com que a multidão rapidamente ganhou às ruas para festejar a vitória por 2 x 1 de nossa Seleção contra a Coréia do Norte.  Imagino o que não acontecerá se o Brasil, mais uma vez, sagrar-se campeão mundial.  Esse povo irá à loucura.

Isso prova, mais uma vez, que existe entre nós, em relação ao futebol, um grande sentimento de nacionalidade.
  
Igualmente constatamos que, especialmente no Brasil, o Carnaval, a Religiosidade e o Futebol são os três grandes fatores mágicos capazes de magnetizar a atenção e mobilizar a sociedade.

E é justamente nesses momentos de descuido em que as pessoas estão concentradas, alheias ao mundo e por demais atentas ao seu objeto maior de interesse que se realizam os assaltos e roubos domiciliares, e algures, nos bastidores da política, alguns dos eleitos e bem remunerados inimigos do povo também aproveitam a oportunidade para tramar seus ardilosos planos contra a economia, as finanças, o bem estar social e o patrimônio público, que vão desde reuniões a portas fechadas, até conluios e acordos ultra-secretos para golpear a boa fé e os interesses da sociedade brasileira.

Portanto, quando alguém manifesta sua opinião em relação ao contra-senso dos que vão ao delírio em função da emotividade e do sentimentalismo -- enquanto por outro lado se deixam passivamente enganar, humilhar, esbofetear e roubar -- não é porque seja um alienado ou desmancha-prazeres, mas porque procura encarar a realidade e ainda alimenta algum sentimento de responsabilidade cívica, de indignação e de patriotismo.

Ah, se pudesse o nosso descuidado, mal fiscalizado e sofrido País contar com essa mesma disposição e esse mesmo entusiasmo dos cidadãos brasileiros em relação à Copa do Mundo para sair às ruas e bradar a sua indignação e inconformidade contra a patifaria, a corrupção e a ladroagem instituídas, aí as coisas seriam bem diferentes. 

    Luciano Machado

            

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