FALANDO DE FUTEBOL
Não
é pelo fato de hoje não me chamar mais a
atenção que digo que o futebol como espetáculo é um dos fatores de massificação
e de alienação das pessoas, desviando suas atenções de questões mais sérias,
como, por exemplo, estar atento ao que acontece nos bastidores da política de
sua cidade e do seu país.
Embora
conheça pessoas que apesar de apreciarem o futebol não dão prioridade a ele e
não descuidam de outras questões de importância em sua vida profissional, econômica, política e social, acho que o
futebol tem o poder de estragar o dia e influenciar no comportamento dos
indivíduos, e aqui me refiro também aos jogadores que diante do prestígio e do
poder se deixam afetar em sua personalidade.
Em
função do futebol, sérios desentendimentos pessoais, discussões e crimes têm
acontecido a partir de simples brincadeiras, como piadas, flautas e ironias. E acredito que muita gente queira a cabeça de
alguns aficionados e comentaristas de futebol pela natureza debochada e deselegante
de alguns comentários seus em relação a indivíduos, povos e países.
O
futebol traz consigo rancores e vícios, como o alcoolismo, não dos jogadores,
mas por parte dos torcedores que adoram comemorar com uma bebedeira as vitórias
do seu time. E daí para uma tragédia é
um passo. Quantas brigas entre torcidas
e invasões de campo têm acontecido com trágicas conseqüências ...
Quando
se diz que o esporte é sadio, fala-se na sua prática saudável, seja ele físico
ou intelectual, como o próprio futebol,
o tênis, o xadrez, etc.
O
mal não está na prática esportiva do futebol, mas em se deixar fanatizar por
ele, a ponto de encher a cara e ficar de mau humor, cortar amizades, insultar
as pessoas ou até partir para a agressão física ou o homicídio em alguns casos.
Acho
saudáveis, por exemplo, as peladas, com ou sem trocadilhos, desde a infância, quando
jogávamos na areia de pés descalços com bolas de pano, ou mesmo hoje as peladas
de fim de semana, como exercício físico, lazer e entretenimento.
Mas
deixar-se alguém influenciar a ponto de vir a se interessar pela vida pessoal dos
jogadores, saber quanto ganham, ficar aflito (a) ou triste porque soube que um
deles teve um problema no joelho ou uma unha encravada, não dormir em função da
derrota do seu time, encher a cara, passar o dia de mau humor, adoecer, cometer
atos inadmissíveis em sua vida pessoal ou profissional e agredir os outros
verbal ou fisicamente, isso já não é apenas fanatismo, é doença psíquica e
emocional.
Luciano Machado
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