sábado, 21 de junho de 2014



DOM SYLVIO CADEMARTORI


Hoje quero me referir a uma pessoa muito especial, cujo espírito continua conosco, observando, guiando e orientando aqueles com quem conviveu durante sua última passagem por este mundo.


Trata-se do meu ex-chefe e amigo Sylvio Pouey Cademartori, com quem trabalhei e convivi durante quinze anos, até a véspera de ingressar no Banco do Brasil.


Comecei a trabalhar em sua empresa como recepcionista e auxiliar de escritório, e depois de exercer vários cargos e funções, tive a honra e o privilégio de me tornar seu secretário particular, função anteriormente exercida pelo jornalista Joaquim de Abreu Fialho e mais tarde por seu irmão Ernani Cademartori.

E hoje é com satisfação que recordo esse tempo.

Todos os sábados, no início da tarde, o nosso caro amigo Ubirajano Rosa estacionava o automóvel em frente à minha casa, que ficava a meio caminho, e dali partíamos, eu ele e o seu irmão Demétrio, que era o seu procurador, rumo ao escritório da empresa, localizada no recinto da Viação Férrea.

Nestes serões de fim de semana, que iam geralmente das duas horas da tarde até às dez da noite, depois da leitura e comentário do noticiário dos jornais, que eram A Plateia, o Diário de Notícias, o Correio do Povo e o El País do Uruguai, colocávamos toda a correspondência da semana em dia, que compreendia a dos escritórios das filiais de Passo Fundo e Porto Alegre e também dos nossos correspondentes no exterior, que eram Mauro Melli, em Buenos Aires, e Carlos Guldenzoph, em Montevidéu.

De suas mesas, Dom Sylvio e Dom Demétrio me ditavam o texto das cartas e memorandos, que eu ia anotando para depois datilografar e colocar sobre suas mesas para ler e assinar.

Depois de lerem e assinarem a correspondência, esta era envelopada e entregue ao fiel Ubirajano para levar à estação rodoviária local e à agência da ONDA, em Rivera, para seus respectivos destinos.

E então ficávamos conversando.

Durante essas ocasiões, na bonachona presença do seu irmão Demétrio, Dom Sylvio contava muitos fatos de sua vida, desde que era um jovem cobrador a cavalo num petiço da firma de seu cunhado Castorino Simão em sociedade com João Duarte, até tornar-se sócio deste último, sob a denominação de Duarte & Cademartori, e mais tarde diretor geral da empresa.

Um dos fatos pitorescos que me contou, corroborado por seu irmão Demétrio, foi a edificante história da cura de um bêbado que um dia eles e seus irmãos Otoni, Menoti e Augusto recolheram da Rua Silveira Martins, onde residiam quando ainda eram jovens, fazendo a boa ação de dar-lhe um banho, vestir-lhe um pijama limpo e deixá-lo dormir confortavelmente até acordar já em estado sóbrio, quando então lhe deram roupas limpas e sapatos e ainda o convidaram para um churrasco que estavam fazendo.

Essa pessoa, cujo nome não me foi revelado, em gratidão e homenagem aos irmãos Cademartori, deixou de beber e se tornou um grande amigo da família.

São lembranças que me ocorrem, do meu saudoso chefe e amigo, Sylvio Pouey Cademartori.

Luciano Machado.

Um comentário:

  1. Estimado Luciano! Sou Xavier Sabino Antunes de Oliveira Neto. Seu Sylvio era primo irmão de meu pai, não o conheci, mas sim sua filha Florinha. Gostaria de saber mais sobre seus negócios e sua família. conheci muito seu irmão Otoni, pois visitava seguidamente nossa família em Uruguaiana. Atenciosamente, Xavier.

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