sábado, 21 de junho de 2014

UM CASAL DE AMIGOS - FLORA E RAMÃO MENDINA


            Quem tem, ainda que seja como empregado, o privilégio de viver no campo, sabe como é saudável deitar cedo e acordar antes do amanhecer, fazendo um fogo de chão e colocando sobre a trempe uma chaleira, enquanto prepara o chimarrão e ouve lá fora os primeiros cantares da passarada.  Tais pessoas são testemunhas do que é a beleza, a magia e o esplendor dos nossos pagos ao alvorecer.

            Pois eu tive esse prazer que me faz orgulhoso de nossa região campesina de fronteira e me sinto grato por essa oportunidade.  É preciso que aqueles que vivem na cidade, encerrados em suas casas ou apartamentos, experimentem passar pelo menos um fim de semana em uma fazenda no interior do município, principalmente agora que temos hotéis-fazenda a poucos quilômetros da cidade. 

            Mas eu na verdade queria falar de um casal muito querido e simpático que constitui um exemplo de todo o amor, amizade e companheirismo que pode existir entre um homem e uma mulher que vivem juntos há mais de 60 anos e que trabalhavam não faz muito tempo na campanha, em seu estabelecimento pecuário, lado a lado com seus empregados, e assim, nesse ambiente saudável, criaram e educaram seus filhos.

Eu afirmo isso porque sei o que eram essas pessoas para o trabalho de banhar o seu próprio gado e realizar tantas outras tarefas campeiras ao lado de seu capataz e de seus empregados rurais.  Eu era funcionário, na cidade, da empresa de que eles eram sócios, e certa vez recebi a incumbência de substituir um colega e  ir lá fora pagar os empregados.

 Era uma manhã de inverno, no mês de agosto, quando eu e o Eduardo Lopes, que era o motorista, chegamos à fazenda e encontramos esse casal lidando com o gado dentro de uma mangueira.  Ao nos verem chegar, vieram ao nosso encontro como se fôssemos visitas importantes, e já foram dizendo, muito alegres: “Hoje vocês vão almoçar conosco!”
           
            Eu e o Eduardo tínhamos que retornar à cidade antes do meio dia, mas eles não nos deixaram, apesar de eu dizer que não queríamos atrapalhar o serviço da fazenda.

            -- Vocês não atrapalham coisa nenhuma.  Vão ficar para almoçar.

            Diante da amável insistência desse casal, o que, aliás, também era uma ordem, não tivemos outro jeito senão ficar.  E ela foi pessoalmente preparar uma gostosa feijoada com lingüiça e toucinho de porco.

            Depois do almoço, delicioso, e após o pagamento dos empregados, nos acompanharam num passeio pelos arredores da casa da fazenda, mostrando-me (pois o Eduardo já conhecia) todas as dependências. 
E aquela missão de que fôramos incumbidos se transformou num passeio campestre maravilhoso, ao lado de nossos patrões, amigos e anfitriões Ramão Flores Mendina e Flora Cademartori Mendina.

Hoje, por motivos de saúde, não saem mais de sua residência na cidade.  A eles, desde aqui, eu mando o meu abraço e meus votos de que Deus lhes dê saúde, proteja e abençõe.


Luciano Machado

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