O MAGO ALEYSTER CROWLEY
Três nomes de origens distintas são
hoje, para o bem ou para o mal, as figuras mais controvertidas na área do
ocultismo: Saint Germain, Alexandre Cagliostro e Aleyster Crowley.
Os três aparecem sob pseudônimos
como personagens do meu livro O Elixir dos Magos.
Sobre os dois primeiros já falei em
crônicas anteriores.
Resta dizer algo sobre o terceiro:
Aleyster Crowley, ou Edward Alexander Crowley, nascido na Inglaterra em 1875 e
falecido em 1947.
Aleyster deu muito que falar durante
a sua vida e mesmo depois de sua morte.
De origem abastada, filho de um rico
fabricante de cerveja, quando seu pai morreu, foi adotado por um tio com menos
posses do que o seu pai.
Mas Aleyster forjou a sua própria
educação concorrendo com os filhos da aristocracia a um lugar no seio de uma
das melhores escolas inglesas, o Trinity College, universidade de Dublin, onde,
na época, era comum anotarem nos fichários ao lado do nome de cada aluno não
pertencente à nobreza em vigor a
expressão latina: “No est nobilitate”.
Da abreviatura dessa expressão se
originou a palavra SNOB ou ESNOBE, tão comum em nossos dias para designar o
exibicionismo de quem tenta aparentar o que não é, o adulão, o puxa-saco, ou seja, aquele
indivíduo de condição inferior que se ufana ou se vangloria de ser parente,
amigo ou conhecido de alguma celebridade ou tenta se aproveitar, para tirar
vantagem, do nome de alguém que esteja em evidência por seu status econômico e
social.
Mas não era este o caso de Aleyster
Crowley. E foi graças à sua
inteligência, ao seu talento e esforço pessoal nos estudos, em que sempre se
destacou, e não ao dinheiro de seu pai ou de seu tio, que sozinho abriu caminho
para se tornar rico e famoso, e um dos nomes mais respeitados do seu tempo no
campo metafísico e intelectual.
Ainda jovem, resolveu dedicar-se ao
esporte do alpinismo, à magia e ao ocultismo e a viajar pelo mundo, divulgando
seus ensinamentos e se transformando num mestre internacionalmente conhecido e
num guru para muita gente, ou num “bruxo” para seus adversários ou inimigos.
Nesta condição, e também como Grão
Mestre da Ordem Templária do Oriente, conviveu com outras grandes figuras do
seu tempo que também se dedicavam às ciências ocultas entre os quais o filósofo
e educador austríaco Rudolf Steiner (pai da Antroposofia e criador do sistema
de pedagogia Waldorf); Krumm Heller, médico e fundador da Fraternitas
Rosacruciana Antiqua; o fiósofo e alquimista Harvey Spencer Lewis, fundador e
primeiro imperator da AMORC, Antiga e Mística Ordem Rosa Cruz; o médico,
escritor e teosofista rosacruz alemão Franz Hartmann; Gerald Gardner, fundador
da ordem neopagã Wicca, e o poeta português Fernando Pessoa, de quem era amigo
pessoal e “irmão” na ordem “Golden Daun” (Aurora Dourada).
Um episódio curioso aconteceu após
uma visita de Aleyster Crowley ao poeta Fernando Pessoa, em 1929. Após este
encontro, Aleyster Crowley desapareceu misteriosamente (dizem as más línguas
que para se livrar das amantes e dos credores ...) e por muito tempo ninguém
soube do seu paradeiro. Deram-no por morto e o próprio Fernando Pessoa
testemunhou esse fato.
Mas reapareceu após a morte de
Fernando Pessoa, declarando que estivera no Tibet, estudando em mosteiros e
escalando alguns dos montes do Himalaia,
atividade a que já se houvera dedicado quando mais jovem, entre 1900 e 1905.
Crowley teve muitos admiradores e
discípulos de sua doutrina, entre os quais, para citar dois brasileiros
conhecidos, o músico e compositor Raul Seixas e o escritor Paulo Coelho.
Luciano Machado
Nenhum comentário:
Postar um comentário