DON OMAR GARCIA DE LAPUENTE
Uma das
pessoas mais corretas, educadas e amáveis que conheci foi o meu chefe,
colega e amigo Dídimo Omar Garcia de Lapuente.
O Sr. Omar
era o chefe encarregado dos depósitos de madeira, sob cuja responsabilidade
estava o controle dos registros de estoques de tábuas dos mais diversos tipos e
medidas destinados à exportação para o Uruguai e Argentina.
No Uruguai,
o nosso representante comercial em Montevidéu era o Sr. Carlos Guldenzoph; e na
Argentina, em Buenos
Aires , o nosso amigo Mauro Méli.
No
escritório que dividíamos entre diversos setores, o Sr. Omar Lapuente ocupava
uma bela escrivaninha de madeira
trabalhada, com tampa retrátil e chaveada, onde guardava todos os seus arquivos
e documentos.
Quando
precisávamos qualquer informação a respeito de disponibilidade de estoque, o
Sr. Omar no-la fornecia prontamente, e quando recebíamos as cartas de crédito
em inglês ou espanhol, imediatamente a passávamos para que ele verificasse o
tipo de madeira, as bitolas e a
quantidade, e já entrasse em contato com o amigo Garibaldi, que era o capataz
dos depósitos, para que a madeira fosse separada e preparada para o
carregamento, que era feito nos vagões uruguaios da A.F.E. –
Administración de Ferrocarriles Del
Estado -- que tinham acesso aos nossos
depósitos de madeira através do recinto da viação férrea brasileira.
Alto, magro,
sempre elegante e bem vestido, usando chapéu e com o seu cabelo e bigode já
grisalhos, o Sr. Omar era um homem distinto, austero, culto e extremamente educado, e uma de suas maiores
características era a de que não brincava em serviço, sempre sério e
compenetrado em seus afazeres.
Nem mesmo o
incorrigível Adão Prates Paulo, nosso estimado
colega e grande humorista que não levava ninguém livre, conseguia desviar sua
atenção ou fazê-lo rir com seus chistes, brincadeiras e anedotas.
Mas lá um
dia o Sr. Omar nos surpreendeu, ao contar-nos um fato hilário e verdadeiro.
Tinha ele
ido com a família e um parente seu ao Restaurante El Galeón, em Rivera, num
sábado à noite. O restaurante estava
lotado. Seu parente havia chegado de
campanha e estava com enorme apetite, e pediu ao garçom que lhe trouxesse um
entrecot de la casa, que era uma das especialidades de El Galeón.
Quando
todos os pratos foram servidos, o parente se atracou de garfo e faca no enorme
bifão, com tanta avidez que este resvalou do prato e voou, indo pousar no
decote de uma dama da mesa ao lado. A
mulher, apavorada, não sabia o que fazer, quando o dono do bife se ergueu da
cadeira se foi, de garfo em punho, retirando o seu manjar do decote da aflita senhora.
Este memorável
incidente, no Restaurante El Galeón, na década de 60, foi talvez o único
episódio, de que eu me lembro, que fez o Sr. Omar Lapuente sair fora do sério,
no ambiente de trabalho, ao narrar-nos esse fato com detalhes.
O amigo
Omar Lapuente é uma das pessoas cuja lembrança eu guardo com saudade, entre os
meus chefes, mestres e colegas de trabalho, na extinta e valorosa empresa
Sylvio P. Cademartori, Exportações de Madeira Ltda.
Luciano
Machado
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